Após a abertura do ano letivo 2024/2025 em Angola, no dia 2 de setembro, tornou-se viral nas redes sociais este vídeo (com milhares de visualizações) a dar conta da transferência dos alunos do estabelecimento de ensino Ngola Kiluanje, que foi abrangido no leque de escolas encerradas devido a obras de reabilitação, para uma unidade escolar em estado “deplorável” (fezes e lixo no pátio e nas salas de aula) para o ensino e aprendizagem.
Nesta publicação numa página do Facebook (suportada por texto e vídeo), no dia 3 de setembro, o segundo dia das aulas, de acordo com o calendário escolar do Ministério da Educação de Angola, o autor descreve que tudo ocorreu no momento em que os alunos foram saber a instituição de ensino selecionada para os acolher.
No vídeo – com muitas reações, comentários e partilhas -, uma estudante lamenta: “Que situação… Que situação! Meu Deus! Muitas fezes. E aqui na sala tem fezes”. De seguida, outra estudante questiona onde foram colocadas as carteiras para os alunos. “Meu Deus, aqui é casa dos mendigos”, rematou.
Confirma-se a transferência de estudantes do Liceu Ngola Kiluanje para uma escola inóspita?
Sim. A gravação, datada de 3 de setembro, retrata a escola primária Rainha Lweji N.º 1.508, também conhecida por Jinguba, localizada no município de Luanda, Angola. Foi selecionada para acolher os estudantes do Liceu Ngola Kiluanje, de acordo com o programa de apetrechamento das escolas do ensino secundário.
No local verificámos o lixo ainda existente na escola, dois dias após a abertura do ano letivo.
Localizada no bairro Nelito Soares, distrito urbano do Rangel, no presente ano letivo os alunos do ensino primário vão coabitar com os transferidos do Ngola Kiluanje, como se pode ver nas listas afixadas à entrada da instituição.
Outro dado apurado no local pela equipa do Polígrafo, é que a escola impediu o acesso ao recinto para o dia 4 de setembro, avisando que “devido aos trabalhos que estão a ser efetuados pela equipa dos bombeiros fica interdita, hoje, a entrada de todos os funcionários, comunidade estudantil e não só”.
As obras para reabilitação, ampliação e apetrechamento do Liceu Ngola Kiluanje, a cargo da empresa Casais, têm a duração prevista de 20 meses.
A mudança de escola e as instalações precárias estão a preocupar os estudantes. Por exemplo, Manuel Tavares, de 18 anos, morador do bairro Palanca, disse ao Polígrafo que receia a ausência de docentes. “Os professores faltavam muito. E aqui, com o estado da escola, vai ser pior“, sublinhou.
Outro aluno com medo de ver o ano letivo “comprometido” é Domingos Cristão, com 18 anos de idade e morador do bairro Prenda, na Maianga. Acabado de ingressar no segundo ciclo do ensino secundário, relatou ao Polígrafo que nesse momento “a grande preocupação é o atraso e as condições da escola“, ressalvando não ter dificuldades na mobilidade, pois o número de táxis a pegar será o mesmo.
Por sua vez, João Francisco, também morador do bairro Prenda, expressou a sua tristeza e incerteza, lamentando: “Não se sabe quando vão começar as aulas. Isso nos preocupa muito.”
____________________________
Avaliação do Polígrafo: