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Este vídeo retrata mulheres acorrentadas para tráfico sexual pelo novo regime da Síria?

Internacional
O que está em causa?
"No vídeo, o 'vendedor' dirige-se aos militantes e mostra mulheres acorrentadas: yazidis, curdas e cristãs que foram sequestradas pelos terroristas", denuncia-se nas redes sociais. Verdadeiro ou falso?

Está a ser partilhado nas redes sociais, entre o Facebook e o Instagram, como prova de que o novo regime na Síria – após a queda de Bashar al-Assad – prossegue com as mesmas práticas repressivas e torcionárias… Ou ainda pior, neste caso um suposto mercado aberto de escravização e tráfico sexual de mulheres sírias.

No Facebook, por exemplo, destaca-se que “após a queda do regime ‘ditatorial’ de Assad abriu-se um novo capítulo na Síria. Um mercado de escravos foi aberto na Síria. No vídeo, o ‘vendedor’ dirige-se aos militantes e mostra mulheres acorrentadas: yazidis, curdas e cristãs que foram sequestradas pelos terroristas depois de matarem os seus maridos. ‘Venha pegar o que é seu, leve uma escrava sexual’. Onde está o babaca da ONU, os representantes dos direitos humanos, as feministas, o ‘Ocidente’, etc.”

O mesmo vídeo é difundido no Instagram associado a um texto diferente mas que aponta, em traços largos, no mesmo sentido:

“‘Jihadistas progressistas’ organizam o tráfico sexual. ‘Temos mulheres yazidi, mulheres curdas, mulheres cristãs! Venham e peguem o que sua mão direita tem direito, nossos bravos guerreiros foram atrás delas, matando seus maridos incrédulos’, declaram aqueles que chegaram ao poder na Síria! Aqueles que chegaram ao poder na Síria acorrentaram as esposas dos seus maridos assassinados e criaram a partir delas um mercado de escravas sexuais, onde encorajaram voluntariamente os seus irmãos crentes a virem e escolherem qualquer pessoa para os prazeres carnais. Deixe-me lembrar-lhe que estas pessoas são agora ativamente admiradas nos EUA, Grã-Bretanha, União Europeia, Canadá, Austrália e Turquia.”

Verdadeiro ou falso?

Na realidade, estas imagens têm origem num artigo da revista norte-americana “Newsweek” publicado em 2014, há mais de 10 anos.

Em vez da Síria pós-Assad, retrata uma manifestação em frente ao Parlamento do Reino Unido, em Londres, no dia 14 de outubro de 2014. Um grupo de ativistas curdos fizeram uma representação de um “mercado de escravos” para denunciar as práticas de “comércio de escravos do Estado Islâmico“, no contexto da Guerra Civil em curso na Síria.

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Avaliação do Polígrafo:

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