“Este é um vídeo de Barack Obama quando ele entrou na prisão de Gitmo [Guantánamo], em 29 de setembro de 2019, quando foi preso”, lê-se num tweet que soma mais de 400 mil visualizações.
Mas o vídeo retrata mesmo a detenção de Barack Obama em 2019?
Não. O vídeo mostra, de facto, o antigo Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) no interior de uma cela – não em Guantánamo (o campo prisional instalado numa base militar dos EUA na ilha de Cuba), mas sim em Robben Island, ao largo da Cidade do Cabo, África do Sul.
Na realidade, o vídeo é referente a uma visita feita pelo então Presidente dos EUA, em junho de 2013, à cela onde esteve preso Nelson Mandela, durante 18 anos. A cobertura jornalística na altura retrata esse momento.
No canal do YouTube do jornal britânico “The Guardian” encontra-se o vídeo de onde foi retirado o excerto difundido nas redes sociais com a alegação falsa.
Após visitar a cela onde Mandela esteve detido, Obama deixou a seguinte mensagem, difundida pela RFI: “Em nome da minha família, quero expressar um sentimento de profunda humildade por estar num local onde pessoas de tamanha coragem não se intimidaram diante da injustiça e se recusaram a ceder.”
Durante a visita de Estado à África do Sul, Barack Obama visitou também a família de Mandela que se encontrava internado com uma infeção pulmonar, causadora da sua morte em dezembro de 2013.
Mandela ficou conhecido pela sua luta contra o Apartheid, um regime de exclusão racial estabelecido na África do Sul, na década de 1940, ainda em período colonial. O combate a este regime e o ativismo político de Mandela levou-o à prisão durante 27 anos, tendo sido libertado em 1990. Seria eleito Presidente da África do Sul em 1994. Um ano antes foi o vencedor do Prémio Nobel da Paz.
Embora as imagens do vídeo partilhado nas redes sociais sejam verdadeiras, a descrição é falsa, pois não mostra a detenção de Obama nem foi captado em Guantánamo.
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Este artigo foi desenvolvido pelo Polígrafo no âmbito do projeto “Geração V – em nome da Verdade”, uma rede nacional de jovens fact-checkers. O projeto foi concretizado em parceria com a Fundação Porticus, que o financia. Os dados, informações ou pontos de vista expressos neste âmbito, são da responsabilidade dos autores, pessoas entrevistadas, editores e do próprio Polígrafo enquanto coordenador do projeto.
*Texto editado por Marta Ferreira.
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