O ataque do Hamas, movimento islâmico palestiniano Hamas, a Israel no dia 7 de outubro de 2023 desencadeou mais uma guerra no mundo. Após o ataque, houve uma escalada do conflito no Médio Oriente, envolvendo também o movimento xiita libanês Hezbollah, que é apoiado pelo Irão e que, tal como o Hamas, se opõe a Israel.
Além disso, o conflito entre Israel e Hezbollah agravou-se drasticamente devido a vários ataques e à morte do líder do Hezbollah, Hassan Nashrallah, em em 27 de setembro de 2024. Ambas as partes têm-se atacado mutuamente recorrendo a rockets e mísseis.
Após Israel ter reconhecido publicamente, no dia 1 de outubro, que iria iniciar uma operação terrestre no sul do Líbano contra o Hezbollah, foi divulgado na rede social X um vídeo que mostra as tropas israelitas alegadamente a serem atacadas, por mísseis anti-tanque, pelas tropas do Hezbollah, no Líbano.
“O Hezbollah mostrou como dispara alegremente um míssil anti-ataque [ATGM] contra uma coluna de infantaria dos ocupantes que marcha em formação firme ao longo da estrada”, é a alegação que acompanha o vídeo publicado no X.
Confirma-se que este vídeo é verdadeiro e a alegação que o acompanha corresponde às imagens?
Não. Após uma pesquisa sobre este alegado ataque, confirma-se que o vídeo é verdadeiro, mas as alegações referentes a este não correspondem à realidade. Através do site TinEye, verifica-se que o primeiro registo deste vídeo online remonta a junho de 2017 e não é referente a um ataque a Israel.
O vídeo demostra o que estava a acontecer na Síria, em 2017, durante a Guerra Civil. Em relato noticioso, publicado em abril de 2017, indica-se que no dia 25 de abril, a “facção apresentou gravações de vídeo que mostram como atacou três grupos das forças de Assad e suas forças afiliadas com mísseis ‘TOW’, durante o avanço no posto de controlo de Zlin, localizado ao sul da cidade de Al-Lataminah”.
Mais, em julho de 2019, é possível localizar o mesmo vídeo a ser partilhado no site “Baladi News“, focado em notícias sobre a Síria, sendo possível que as imagens agora difundidas como se fossem no Líbano, digam respeito ao ataque relatado em abril de 2017, no Líbano.
Em outubro de 2024, o vídeo voltou a surgir no X com o alerta de que o mesmo tem circulado no Telegram e o que exibe são imagens dos rebeldes a atacar “um comboio militar do exército de Assad nos arredores de Afrin, na Síria”, para concluir que o mesmo “não é do Líbano hoje ou ontem” e que é “falso”.
Conclui-se, assim, que a afirmação partilhada no X é falsa e que o vídeo, além de antigo, mostra um ataque na Síria.
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Este artigo foi desenvolvido pelo Polígrafo no âmbito do projeto “Geração V – em nome da Verdade”, uma rede nacional de jovens fact-checkers. O projeto foi concretizado em parceria com a Fundação Porticus, que o financia. Os dados, informações ou pontos de vista expressos neste âmbito, são da responsabilidade dos autores, pessoas entrevistadas, editores e do próprio Polígrafo enquanto coordenador do projeto.
*Texto editado por Marta Ferreira.
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