Em denúncia feita pelo PAN, no Instagram, informa-se que o partido irá avançar “com uma providência cautelar para impedir as largadas de touros na praia da Lourinhã”. No post cita-se a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, que afirma que é “preciso pôr fim a este evento cruel, que provoca grande sofrimento e stress nos animais“.
“As vacas são largadas na areia quente e acabam por fugir pela única abertura disponível, entrando no mar em desespero e chegando a ficar completamente submersas“, acrescenta-se, sublinhando que os animais, que “já em situação de grande aflição”, são depois “rebocados por uma moto de água, que os traz de volta para águas menos profundas, através de uma corda amarrada ao pescoço”.
Quanto às imagens, estas foram partilhadas no dia 14 de julho pela plataforma “Basta de Touradas” em antecipação ao evento previsto para dias 28 de julho e 4 de agosto, não dizendo, por isso, respeito à tradição deste ano, mas sim a anteriores.
Em causa a “Tradicional Vacada na Praia do Porto Dinheiro“, que se realiza anualmente no âmbito das “Festas do Mar”, no concelho da Lourinhã. Em 2022, a partilha de fotografias relativas a esta tradição geraram uma onda de indignação que originou uma petição pública para “acabar com a vacada”, dirigida à Junta de Freguesia de Ribamar e à Câmara Municipal da Lourinhã e que conta atualmente com perto de seis mil assinantes.
Este ano, uma nova petição dirigida ao Governo português, ao PAN e à Câmara Municipal da Lourinhã foi criada no dia 18 de julho. “Vimos por este meio pedir a intervenção para que não seja realizada a Vacada Pamplona, na freguesia Ribeira Mar, no Município da Lourinhã, entre 28 de julho e 4 de agosto”, lê-se na petição.
Acrescenta-se ainda “é uma vergonha em pleno século XXI ainda ser permitido este tipo de ‘espectáculo’ degradante, quando nem sequer animais domésticos são permitidos em praias” e que, além do “sofrimento animal, bem visível pelos vídeos que existem disto, vê-se crianças a assistirem, colocadas em perigo“.
Ao jornal “Alvorada“, na sequência da recusa do Tribunal da Lourinhã à providência cautelar do PAN, o presidente da Junta da Freguesia de Ribamar indicou que o evento é realizado “dentro da legalidade”, reforçando que os animais não são mal tratados.
O Polígrafo solicitou um comentário e esclarecimento sobre o evento à Junta de Freguesia de Ribamar e Câmara Municipal da Lourinhã. O presidente da Junta de Freguesia, Mauro Antunes, indicou que “há uma regulamentação própria para este tipo de eventos” e o “tribunal pronunciou-se sobre a matéria visto que a base legal o permite”.
Salvaguardou ainda que “há que fazer a diferenciação entre uma tourada e vacada”, uma vez que esta última não “promove agressão direta ao animal” como as touradas. Mauro Antunes rejeita a acusação de “maus-tratos” assegurando que “não existe” e apontando que “há um veterinário presente permanentemente no local do evento para avaliar os animais, sendo que em mais de 30 anos de tradição, nenhum animal morreu ou sofreu qualquer tipo de ferimento durante o evento”.
Já da autarquia veio a resposta de que “é um direito legítimo de qualquer cidadão ou entidade” instaurar uma providência cautelar como a que o PAN interpôs.
Relativamente à iniciativa em causa, a autarquia informa que esta está licenciada pelas autoridades competentes e “é promovida pela Associação de Desenvolvimento e Apoio às Pescas de Praia de Porto Dinheiro, que sempre respeitou as obrigações decorrentes da especificidade deste tipo de iniciativas”.
Mauro Antunes também chamou a atenção para o facto de este ser um evento de uma associação local à qual a Junta de Freguesia dá apoio e “defende a autonomia e independência das suas associações e das suas respetivas atividades, desde que estas cumpram o quadro legal”.
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Avaliação do Polígrafo: