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Estas fotografias retratam europeus a fugir para o Norte de África durante a II Guerra Mundial?

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O que está em causa?
Uma série de fotografias, que circula pelo menos desde 2015, voltou a ser publicada nas redes sociais nos últimos tempos. As imagens mostram um navio lotado num porto também repleto de milhares de pessoas, muitas a tentar chegar ao barco. Alega-se que a fotografia retrata a fuga de refugiados europeus a tentar fugir da II Guerra Mundial. Confirma-se?

“Não, não são imigrantes sírios ou africanos tentando entrar na Europa. São europeus fugindo para o norte de África na Segunda Guerra Mundial. São as voltas que o mundo nos dá. Só para refletir”, escreve o autor de um post no Facebook, datado de 11 de março.

Na publicação são partilhadas três fotografias com vários ângulos da mesma embarcação. Há milhares de pessoas a bordo e milhares que tentam chegar ao navio.

Estas imagens circulam na Internet e nas redes sociais pelo menos desde 2015. Já foram partilhadas em publicações que garantiam que se tratavam de refugiados do Médio Oriente ou de África a caminho da Europa, outras asseguravam que eram fotografias da Segunda Guerra Mundial, quando milhares de europeus fugiram ao regime nazi. Esta última narrativa voltou agora a ser partilhada, mas a conclusão é a mesma: a alegação é falsa.

Na verdade, as pessoas que aparecem nas fotografias são refugiados albaneses a chegar ao porto de Bari, em Itália, a 8 de agosto 1991, a bordo do cargueiro Vlora. No dia anterior, o navio, que vinha de Cuba com um carregamento de açúcar, atracou na cidade albanesa de Durrës para descarregar e para fazer algumas reparações técnicas. Milhares de pessoas aproveitaram o momento para invadir o barco para tentarem fugir da Albânia após o fim do comunismo no início de 1990.

Quando o navio chegou a Itália, o Governo já tinha conhecimento do que se tinha passado e tentou bloquear a entrada da embarcação. No entanto, acabou por permitir o acesso dos refugiados ao porto, impedindo que saíssem do perímetro de forma a encaminhá-los de volta para a Albânia. Na época, as fotografias tornaram-se um símbolo da crise dos refugiados e foram publicadas em jornais como o “The New York Times“.

O processo de “repatriamento” acabaria por demorar mais do que era previsto e os refugiados foram para o Estádio della Vittoria. No dia seguinte, cerca de três mil albaneses já tinham sido enviados de volta; outros saíram voluntariamente de Itália devido à falta de condições com que foram recebidos; e muitos foram enganados ou levados a crer que iam para outras cidades italianas quando na realidade estavam a ser transportados para a Albânia.

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