Milhares de partilhas, em múltiplos idiomas. As fotografias que supostamente retratam dois refugiados ucranianos com tatuagens nazis, no que parece ser uma zona costeira na Croácia, tornaram-se virais nas redes sociais, do Facebook ao Twitter, sobretudo a partir do Brasil.
“Enquanto nazistas brasileiros – do Paraná e Santa Catarina – vão morrer na Ucrânia, ucranianos nazistas vão tirar férias na Croácia“, descreve-se numa das publicações das imagens em causa. “Refugiados ucranianos na Croácia, gente da melhor qualidade“, ironiza-se noutro exemplo.



Segundo informações apuradas pelo “Bellingcat” e “AFP Checamos“, as fotografias retratam dois homens de nacionalidade húngara, junto a um bar de praia em Rijeka, na Croácia.
“A polícia croata disse ao meio de comunicação local ‘Dnevnik‘ que, em 13 de julho de 2022, recebeu uma denúncia sobre os dois homens tatuados e agentes foram ao bar para fazer uma investigação. O mesmo foi confirmado pela autoridade à AFP Checamos em 20 de julho de 2022″, informou a referida plataforma de verificação de factos.
“Imediatamente depois do relato, os policiais foram enviados à praia. Ao falar com o pessoal do restaurante, foram informados de que os homens mencionados haviam estado nesta praia, mas 10 dias antes”, declarou um porta-voz da administração do condado croata de Primorsko-goranska, acrescentando que, naquela altura, não possuíam informação sobre as respetivas identidades.
O site croata “Antifašistički Vjesnik” indica que encontrou o homem com o rosto tatuado em fotografias publicadas na página “Blood and Honour Hungary”. Uma fotografia datada de 2018 mostra esse homem com menos tatuagens no rosto, a tocar guitarra e vestindo uma camisola com a inscrição do lema “Blood and Honour” (“Sangue e Honra”, em português).
“De acordo com uma mensagem publicada a 3 de julho de 2022 no grupo ‘Blood and Honour Hungary’ no Telegram, um dia antes havia ocorrido um espetáculo na Croácia com três bandas, incluindo uma de nome húngaro: ‘Fehér Törvény’ (‘Lei Branca’). Isto coincide com a informação de que os dois homens foram vistos na praia ’10 dias antes’ de a polícia croata receber a denúncia, a 13 de julho”, revelou a “AFP Checamos”.