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Estamos a conseguir diminuir — em Portugal, na Europa e no Mundo — a emissão de gases com efeito estufa para a atmosfera?

União Europeia
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
O país mantém-se longe das emissões máximas do século, registadas em 2003 e 2005, e nesse sentido tem sido bem-sucedido na redução dos gases com efeito de estufa. No entanto, depois de ter atingido os valores mínimos de 2014, Portugal mantém-se com altos e baixos, em tendência de ligeira subida

Em Portugal 

Impreciso

O país mantém-se longe das emissões máximas do século, registadas em 2003 e 2005, e nesse sentido tem sido bem-sucedido na redução dos gases com efeito de estufa. No entanto, depois de ter atingido os valores mínimos de 2014, Portugal mantém-se com altos e baixos, em tendência de ligeira subida

 

O valor do pico de emissões de carbono equivalente (inclui metano e outros compostos gasosos capazes de absorver radiação e aumentar a temperatura da atmosfera) registado em 2003 e 2005 atingiu os 69,5 milhões de toneladas (Mt), depois de um aumento sucessivo ao longo de todo o século xx. Seguiram-se oito anos de queda consistente, em parte também sustentada pelos efeitos da crise económica, até ao mínimo histórico de 2014 (47,9 Mt CO2), ano que marca uma inversão da tendência.

De forma irregular, os números têm vindo a subir e a descer desde então. Em 2017, o salto foi muito pronunciado (de 50,2 para 64,8 Mt CO2), devido aos efeitos dos incêndios florestais — o que em parte ajuda a explicar que no ano passado, segundo o Eurostat, Portugal tenha sido o país europeu que mais conseguiu cortar no CO2, com uma redução de 9% (49,9 Mt CO2). 

O país comprometeu-se a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa entre 45% e 55% até 2030. 

Na Europa

Impreciso

A tendência geral de descida das emissões de carbono na UE acentuou-se depois da crise de 2008, com algumas exceções, nomeadamente em anos recentes: 2015 e 2017 registaram um aumento dos valores de gases de efeito estufa na atmosfera

As emissões de dióxido carbono na Europa dos 28 atingiram o seu expoente máximo em 1978 (4,72 mil Mt CO2) e, grosso modo, com muitas oscilações, têm vindo a descer lentamente desde então. No ano que se seguiu à crise económica, em 2009, a queda foi mais abrupta e os valores passaram de 4,17 para 3,83 mil Mt CO2. Depois, o ritmo voltou a desacelerar, tendo nomeadamente havido aumento de emissões nos anos de 2015 (3,52 mil Mt CO2) e 2017 (3,54 mil Mt CO2). 

Para cumprir o compromisso assumido no âmbito do Acordo de Paris, a UE terá de reduzir as emissões de carbono em, pelo menos, 40% até 2030.

No Mundo 

Falso 

As emissões globais de dióxido de carbono alcançaram o nível histórico de 37,1 mil Mt CO2 em 2018

Entre 2014 e 2017, oscilações ligeiras em ambos os sentidos permitiram ao mundo ter a esperança de ver estabilizadas as emissões mundiais globais de dióxido de carbono. Os números vieram, no entanto, contrariar o otimismo. Depois do salto de 1,6% para o nível histórico de 36,15 mil Mt CO2 em 2017, os resultados preliminares do relatório anual do Projeto Carbono Global apontam para um aumento de 2,7% em 2018 e o total mais alto de sempre: 37,1 mil Mt CO2. Os países responsáveis pela maior fatia do bolo total são a China (9,84 mil Mt CO2 em 2017), e os EUA (5,27 mil Mt CO2 em 2017). Os números colocam cada vez mais longe as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris para manter o aquecimento global abaixo dos 2ºC e idealmente inferior a 1,5ºC até ao final do século — que terá a primeira revisão já em 2025. O protocolo reúne o compromisso de 195 países, com a notável ausência dos EUA — Donald Trump anunciou a saída do país em 2017. 

Fonte: www.ourworldindata.org (Global Carbon Project; Carbon Dioxide Analysis Centre – CDIAC)

 

O dossier O Futuro do Planeta é uma parceria entre o Polígrafo e a Fundação Francisco Manuel dos Santos

 

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