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Estado português detém participações em cadeia de “hostels” e empresas de aluguer de tendas e “escape rooms”?

Política
O que está em causa?
Em vídeo difundido nas redes sociais, o deputado Carlos Guimarães Pinto, do Iniciativa Liberal, apresenta um "guia de Férias para socialistas" que se baseia exclusivamente em empresas públicas ou com participação do Estado. Desde "hostels" a uma plataforma de arrendamento de luxo, passando por empresas de aluguer de tendas, "escape rooms", iates e até óleos de massagem "anti-stress" para "hotéis de luxo e spas". Verdade ou mentira?

“Entra agosto e é altura de ir de Férias, para aqueles que ainda não foram”, começa por sublinhar Carlos Guimarães Pinto, deputado do Iniciativa Liberal, num vídeo que publicou a 3 de agosto em redes sociais como o Instagram e o Facebook. “O turismo está a crescer bastante e há imensas empresas privadas no setor. Mas eu sei que há algumas pessoas que não confiam nas empresas privadas, ou não querem contribuir para o seu lucro. Eu tenho uma boa notícia para essas pessoas. Podem planear as vossas Férias, o transporte, o alojamento e até as atividades de maneira a só usarem o serviço de empresas públicas, ou empresas que têm alguma participação do Estado”.

É este o mote do “guia de Férias para socialistas” que, não sem ironia, Guimarães Pinto apresenta no clip de vídeo. Começando pelas opções mais óbvias de transportes públicos, a CP e a TAP, mas avançando depois para opções mais desconhecidas (e improváveis) de empresas públicas ou participadas pelo Estado.

Desde logo no alojamento. “Se ficarem por cá podem aproveitar as pousadas de boa qualidade da empresa pública Enatur. Se tiverem muito dinheiro podem utilizar uma plataforma chamada TripWix, que é uma participada do Estado português que se dedica ao arrendamento de luxo para países como Portugal, mas também México, Barbados, Espanha ou Turquia”, destaca.

“Se quiserem uma opção mais barata, têm sempre as pousadas da juventude da Movijovem. Mas se não gostarem das pousadas da juventude têm um concorrente que é uma das cadeias de hostels em Portugal que também tem uma participação do Estado português”, afirma Guimarães Pinto. “Não têm tenda? Não há problema. O Estado também resolve isso. Tem uma participação numa empresa que aluga tendas para colocar em cima do automóvel”.

O deputado liberal indica também opções ao nível das atividades, pois “o Estado português também trata disso. Não estou só a falar de museus e monumentos. O Estado português também detém o Autódromo do Estoril, o Autódromo do Algarve e, se quiserem algo assim um bocadinho mais emocionante, o Estado português tem uma participação na maior empresa de escape rooms do país. Se gostarem mais do contacto com a natureza, com o mar, etc., podem também alugar um barco ou um iate noutra empresa onde o Estado português tem uma participação”.

Refere-se ainda a uma empresa participada pelo Estado “que se dedica a vender produtos de origem natural a hotéis de luxo e spas“, mais especificamente a Oliófora que comercializa óleos de massagem “anti-stress” e outros cosméticos para tratamento corporal.

As empresas referidas por Guimarães Pinto têm mesmo participações do Estado português?

Sim. O grupo “Wotels HUB – World of Travelers”, por exemplo, faz parte do portefólio de investimentos da Portugal Ventures no setor do Turismo. Descreve-se como “a maior cadeia nacional de hostels” e conta atualmente com “nove unidades, desde guesthouses, hostels e hotéis, localizadas em Peniche, Lisboa, Ericeira, Costa de Caparica e Lagos”.

A Portugal Ventures é uma sociedade de capital de risco do Estado português, integrada no Banco Português de Fomento. Na respetiva estrutura acionista destaca-se também a Parparticipadas, sociedade gestora de participações do Estado, além de alguns bancos e empresas privadas. Desde a sua fundação, em 2012, acumula perdas de cerca de 123,7 milhões de euros.

A empresa “Topo – Rooftop Car Tents” que aluga tendas para colocar em cima de automóveis também faz parte do portefólio da Portugal Ventures. Tal como a “Mission to Escape” que comercializa experiências relacionadas com “escape rooms” e “team building“, a Oliófora, a TripWix, a Algarve Sun Boat Trips, entre outros exemplos apontados pelo deputado no vídeo.

São todas empresas públicas ou participadas pelo Estado, resultando num carimbo de “Verdadeiro“.

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Avaliação do Polígrafo:

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