O primeiro jornal português
de Fact-Checking

Estado gastou cerca de sete milhões de euros em novos automóveis durante o ano de 2020?

Política
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Em publicação no Facebook denuncia-se que o Estado português terá despendido "sete milhões de euros em novos carros" no ano passado, sobretudo movidos a "diesel". Verdade ou falsidade?

“Sete milhões em carros? Estado gasta sete milhões em novos carros em 2020. Diesel predomina”, destaca-se no post de 3 de julho, denunciado como sendo falso ou enganador.

Confirma-se o valor desta despesa em novos automóveis durante o ano de 2020?

De acordo com os dados inscritos no Relatório do Parque de Veículos do Estado (PVE) de 2020, elaborado e publicado pela Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública (eSPap), confirma-se que sim, o Estado gastou cerca de sete milhões de euros em novos automóveis no ano passado.

Importa porém ressalvar que a maior parte desse valor foi despendido em Aluguer Operacional de Veículos (AOV), ao passo que o valor gasto em aquisições cifrou-se em cerca de 1,2 milhões de euros.

No entanto, o facto é que o valor total adjudicado em 2020, somando os contratos de AOV e de aquisição de veículos, totalizou cerca de sete milhões de euros.

“Durante o ano de 2020, a despesa total adjudicada foi de 6.959.510,01 euros, tendo-se alcançado uma poupança de 11,97% (-946.661,74 euros) resultado da redução entre o preço máximo definido e o valor efetivamente adjudicado”, indica-se no documento.

 

No total, em 2020, deram entrada 1.123 automóveis no Parque de Veículos do Estado (PVE), dos quais 913 veículos novos contratados, 11 veículos registados já existentes na frota, 197 veículos provenientes de “apreensão/abandono” e ainda mais dois através de “doação”.

Em sentido inverso, saíram 1.251 automóveis do PVE, entre os quais 946 que foram desmantelados.

Ao todo, a frota automóvel do Estado é composta por 26.062 veículos, menos 2.288 do que em 2010 e menos 128 do que em 2019. Quase metade da frota (42%) está ao serviço das Forças de Segurança. Nos lugares seguintes encontram-se os institutos públicos (incluindo INEM e Administrações Regionais de Saúde), com 18%, e as Forças Armadas, com 17%.

Consequentemente, 46,5% dos veículos estão alocados ao Ministério da Administração Interna. O único outro ministério que dispõe de mais de 10% da frota total do Estado é o Ministério da Defesa Nacional (17,6%). O Ministério dos Negócios Estrangeiros possui apenas 177 veículos (0,7% do total) e é o que menos automóveis tem ao dispor.

A grande maioria dos automóveis do PVE foram adquiridos. Apenas 14% deles foram apreendidos, alugados, doados ou abandonados. Quanto ao combustível, 74% são movidos a gasóleo e 23% a gasolina. Apenas 3% das viaturas ao serviço do Estado são movidas a energia elétrica.

Em conclusão, é verdade que o valor total adjudicado em 2020, somando os contratos de AOV e de aquisição de veículos, totalizou cerca de sete milhões de euros. Mas importa ressalvar que a maior parte desse valor foi despendido em AOV, ao passo que o valor gasto em aquisições cifrou-se em cerca de 1,2 milhões de euros.

__________________________________________

Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:

Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:

Partilhe este artigo
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Relacionados

Com o objetivo de dar aos mais novos as ferramentas necessárias para desmontar a desinformação que prolifera nas redes sociais que mais consomem, o Polígrafo realizou uma palestra sobre o que é "o fact-checking" e deu a conhecer o trabalho de um "fact-checker". A ação para combater a desinformação pretendia empoderar estes alunos de 9.º ano para questionarem os conteúdos que consomem "online". ...
Após as eleições, o líder do Chega tem insistido todos os dias na exigência de um acordo de Governo com o PSD. O mesmo partido que - segundo disse Ventura antes das eleições - não propõe nada para combater a corrupção, é uma "espécie de prostituta política", nunca baixou o IRC, está repleto de "aldrabões" e "burlões" e "parece a ressurreição daqueles que já morreram". Ventura também disse que Montenegro é um "copião" e "não está bem para liderar a direita". Recuando mais no tempo, prometeu até que o Chega "não fará parte de nenhum Governo que não promova a prisão perpétua". ...

Fact checks mais recentes