Paulo Raimundo está confiante: o partido vai crescer à custa das sucessivas falhas do Governo socialista e também à boleia dos bons resultados da “geringonça”. Numa entrevista publicada a 17 de novembro no “Diário de Notícias”, o secretário-geral dos comunistas recorda as promessas que António Costa não cumpriu, nomeadamente na Saúde.
De cor sabe a dos médicos de família: Raimundo diz ser um dos portugueses que também não tem acesso a um profissional no seu centro de saúde e que “isso é que é preciso resolver”. Ainda sem resposta à pergunta “nova geringonça?”, o comunista assume que, face a 2015, e em termos de arranjos pós-eleitorais, existe um “problema mais complexo”.
“O que vai estar em confronto não são esses dois eventuais ajuntamentos, o que vai estar em confronto são as opções políticas de fundo (…) É o confronto entre a opção do PS em pegar em oito mil milhões de euros do Orçamento do Estado (OE) do SNS e entregá-lo ao setor privado, porque é isto que o PS propõe no OE que está em vigor, enquanto um milhão e seiscentas mil pessoas estão sem médico de família”, destaca Raimundo. Tem razão?
De acordo com o Relatório do Orçamento do Estado para 2023, o Programa Orçamental da Saúde estabelece “uma dotação de despesa total consolidada de 14.858 milhões de euros, sendo superior em 7,8% a execução estimada até final de 2022, e uma despesa efetiva consolidada de 14.804,8 milhões de euros”.
Para o privado, na aquisição de bens e serviços (compras ao setor), vão 54,6% do valor total da despesa inscrita no Programa Orçamental da Saúde, ou seja, um total de 8.108,2 milhões de euros. Importa, porém, ter em conta que essa categoria de despesa engloba as compras de medicamentos.
Quanto aos portugueses sem médico de família, de facto, segundo os últimos dados disponíveis no portal “Transparência” do SNS, o número de utentes inscritos em Cuidados de Saúde Primários sem médico de família atribuído era de 1.677.858 no final do mês de outubro.
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