"Estado da Nação". André Ventura: "Os utentes sem médico de família subiram 249% em quatro anos"

© Agência Lusa / Tiago Petinga

"O senhor primeiro-ministro prometeu que iríamos ter médico de família para todos. E enfermeiro de família para todos e hospitais para todos e tudo para ganhar eleições para todos também... O que o senhor primeiro-ministro não disse é que já nem era a questão de nem todos terem médico de família, é que alguns iam mesmo perder o médico de família, é que alguns iam mesmo perder o hospital, é que alguns iam mesmo perder o acesso ao cuidado de saúde", começou por sublinhar André Ventura, deputado e líder do Chega, na sua primeira interpelação ao primeiro-ministro António Costa no debate de hoje sobre o "Estado da Nação", em curso no Parlamento.

"Os utentes sem médico de família subiram 249% em quatro anos. Este número devia envergonhar-vos, 249%, significa muitos mais portugueses sem médico de família! Batam palmas agora, batam palmas agora a esta realidade", acusou o deputado do Chega.

A percentagem indicada tem fundamento?

De acordo com os últimos dados disponíveis no portal "Transparência" do SNS, o número de utentes inscritos em Cuidados de Saúde Primários sem médico de família atribuído fixou-se em 1.549.062 no final do mês de junho, mais 28.739 por opção, perfazendo assim um total de 1.577.801 utentes.

Há exatamente quatro anos, no final de junho de 2019, registavam-se 798.861 utentes sem médico de família, mais 25.612 por opção, perfazendo assim um total de 824.473 utentes.

Ou seja, nos últimos quatro anos verifica-se um aumento de 753.328 utentes sem médico de família, mais 94,3%. Percentagem muito inferior à que foi hoje evocada por Ventura no Parlamento.

Importa também realçar que, no mesmo período de tempo, o número de utentes inscritos em Cuidados de Saúde Primários também aumentou de 10.245.738 em junho de 2019 para 10.622.877 em junho de 2023. Ou seja, mais 377.139 utentes inscritos.

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