“Primeira imagem de um ataque químico pela artilharia ucraniana em Kursk! As Forças Armadas da Ucrânia utilizaram armas químicas na região de Kursk”, denuncia-se num tweet de 10 de agosto (tradução livre a partir do original em língua inglesa). “De acordo com o grupo Aida, o inimigo utilizou munições preenchidas com cloro. ‘Toda a gente que começou a respirar está agora a ter convulsões e vómitos. Foram encaminhados para a toxicologia. A membrana mucosa está a arder’, relatou um militar”.
A publicação exibe mesmo uma imagem que retrata o momento de um suposto ataque militar com armas químicas em Kursk, na Rússia. É visível uma nuvem alaranjada que parece resultar de uma explosão, fotografada a partir do interior de um tanque (ou outro veículo blindado), sem qualquer identificação de nacionalidade.
Com recurso a ferramentas de análise, porém, apuramos que a imagem em causa já tinha sido publicada em março de 2015, há quase uma década, muito antes do início da invasão da Ucrânia por forças militares da Rússia em 2022 – ou da mais recente incursão de tropas ucranianas na região russa de Kursk.
A imagem tem origem num vídeo divulgado nessa altura pela BBC e pelo jornal “The Times“, entre outros órgãos de comunicação social. Esse vídeo original retratava elementos das forças militares iraquianas num processo de neutralização de dispositivos explosivos (com cloro) que os militantes do “Estado Islâmico” tinham deixado nas estradas em redor de Tikrit, cidade iraquiana.
Posteriormente, em 2016, a Radio France Internationale (RFI) publicou um artigo sobre a utilização de armas químicas ilustrado por essa mesma imagem captada no Iraque.
Em suma, não tem qualquer relação com a presente guerra entre a Ucrânia e a Rússia, nem com a região russa de Kursk. A imagem foi captada há quase uma década no Iraque e retrata armas químicas utilizadas na altura pelo “Estado Islâmico”, não por forças militares ucranianas.
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