Surgiu no Instagram, a 22 de março, numa página com referência a Amur, região do Sudeste da Rússia. A imagem do que parece ser uma criança a segurar uma bazuca (com as unhas pintadas de vermelho) serve de ilustração a um texto em que se acusa o regime ucraniano liderado por Volodymyr Zelensky de “lançar crianças em Mariupol e Chernigiv”, entre os 12 e os 17 anos de idade.
“Dão-lhes sistemas portáteis anti-tanques e lança-granadas e enviam-nas para a linha da frente da guerra“, sublinha-se, em língua russa (tradução livre a partir do original). “Os militares [russos] duvidam que se explique aos adolescentes [ucranianos] sobre o perigo do que está a acontecer”.
No texto estabelece-se ainda uma analogia com a Alemanha Nazi que, “a sufocar sob os golpes das tropas soviéticas e tendo perdido uma grande parta da população adulta masculina durante a guerra, recorreu à utilização de crianças dos movimentos nazistas em batalhas reais”.

Este texto não indica qualquer fonte de informação, nem mesmo do Ministério da Defesa da Rússia que serviu de base a outras publicações na mesma página. Não encontramos notícias fidedignas sobre o alegado destacamento de crianças ucranianas armadas nas linhas da frente da guerra em Mariupol e Chernigiv, embora ressalvando a escassez de informação disponível.
Quanto à fotografia, através de ferramentas de análise como a “TinEye” e a “InVID” apuramos que está disponível para comercialização em vários bancos de imagens (aqui ou aqui, entre outros exemplos).
De acordo com as respetivas descrições, retrata uma mulher e não uma criança, segurando uma bazuca ou lança-granadas com poder de fogo anti-tanques, além do pormenor das unhas pintadas de vermelho. O autor da fotografia é russo e a mesma foi captada em 2018, na Rússia.
Ou seja, não tem qualquer relação com a guerra em curso na Ucrânia, ao contrário do que se alega na publicação do Instagram. E ainda menos serve de “prova” da alegada utilização de crianças armadas nas linhas da frente. Deparamos, sim, com sucessivas notícias sobre crianças feridas ou mortas durante a guerra, em zonas residenciais, entre a população civil.
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