Desde o último fim-de-semana, com a abertura das urnas no domingo (3 de março) para o voto antecipado nas legislativas, além da denúncia de André Ventura de que estaria em curso uma tentativa de “desvirtuar o resultado” das eleições legislativas, que a tese da pretensa “fraude eleitoral” tem vindo a ganhar força nas redes sociais.
Num tweet partilhado esta segunda-feira (4 de março) alega-se que há “fraude a decorrer” e que “estão a tentar roubar a eleição“. A publicação apela ainda a “muita atenção nas mesas de voto” e repartilha um outro tweet que, alegadamente, comprova essa mesma fraude.
“Este já era (e ninguém viu). Mais um voto do Chega direto para o lixo na minha mesa”, indica-se nessa publicação
em que se exibe mesmo um boletim de voto rasgado que atribuía o voto ao Chega.
Esta história é verdadeira?
Há elementos visuais que demonstram que o boletim de voto, ainda que possa ser real, não corresponde às eleições legislativas de 2024. Ou seja, não é atual.
Desde logo por constar do mesmo a candidatura do partido Movimento Alternativa Socialista (MAS), que em 2024 concorre apenas pelo círculo de Lisboa, além de surgir uma candidatura em nome próprio do CDS-PP que em 2024, como se sabe, concorre integrado na coligação Aliança Democrática, juntamente com o PSD e o PPM.
Mais, na versão atualizada (20 de fevereiro) das candidaturas apresentadas nos tribunais competentes, para integrarem os boletins de voto, o MAS foi impedido de integrar o círculo eleitoral de Lisboa, o único pelo qual tinha apresentado candidatura para participar nas legislativas de 10 de março.
O Tribunal Constitucional decidiu não admitir a candidatura depois de João Pascoal, “em nome da comissão executiva do MAS”, ter apresentado um requerimento em que alega que a candidatura “foi apresentada à revelia do partido, que deliberou não concorrer às próximas eleições”. Em causa está um conflito entre duas correntes internas sobre a liderança do partido.
Quanto ao CDS-PP o autor do tweet secundário – que dá origem à denúncia de “fraude a decorrer” – alega que o boletim é da “mesa de voto de emigrantes” e que “o PPD/PSD concorre sozinho”, fora da coligação Aliança Democrática. Mas o facto é que também esta alegação é falsa.
O PSD não concorre a solo em qualquer círculo eleitoral, mas sim integrado na coligação Aliança Democrática – em todos os círculos eleitorais, incluindo Europa e Fora da Europa.
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Avaliação do Polígrafo: