Numa publicação partilhada recentemente no X, com base em informação que terá sido inicialmente avançada por meios de comunicação social russos, alega-se que a capital da Rússia, Moscovo, tinha ficado “às escuras devido a uma grave escassez de eletricidade”. A acompanhar a afirmação, surge uma imagem que mostra a zona em torno do Kremlin sem qualquer iluminação.
De acordo com a mesma fonte, a “razão” por detrás deste incidente passa pela “dificuldade de manutenção de turbinas estrangeiras existentes nas centrais térmicas russas devido às sanções” impostas pelos países ocidentais de modo a penalizar a Rússia pela invasão sobre a Ucrânia.
Mas será que esta imagem exibe as consequências de um “apagão” que foi potenciado pelas sanções impostas pelo Ocidente sobre Moscovo?
Não. É que a fotografia já tinha sido publicada, no dia 29 de março de 2014, num artigo do site do órgão de comunicação social russo Gazeta.ru, em que se oferece mais detalhes sobre o que está verdadeiramente em causa nesta imagem: “A iluminação do Kremlin de Moscovo e de centenas de outros edifícios será desligada no âmbito da campanha mundial Hora do Planeta.”
Segundo a informação que consta no site do World Wide Fund for Nature (WWF), organização não-governamental que opera nas áreas da conservação da natureza, trata-se de uma iniciativa que junta anualmente, no mês de março, “milhões de pessoas de todo o mundo”, que apagam todas as luzes “durante uma hora” como forma de demonstrar “que se preocupam com o futuro do nosso planeta”.
De facto, confirma-se que a 29 de março de 2014 vários lugares de interesse da capital russa aderiram a esta ação de sensibilização, tal como noticiado pelas agências noticiosas TASS e Reuters. Além disso, não existem, em meios de comunicação credíveis, evidências que sustentem que a capital russa tenha sido afetada recentemente por graves problemas de fornecimento de eletricidade como consequência das sanções ocidentais.
Isto apesar de um documento emitido pelo Operador do Sistema Elétrico Russo, segundo noticiado pela imprensa russa, informar que Moscovo poderá enfrentar uma escassez de eletricidade nos próximos anos, citando como motivo as dificuldades associadas, em contexto de aplicação de sanções, à manutenção de equipamentos produzidos no estrangeiro que venham, eventualmente, a necessitar de reparação.
A alegação foi também analisada por outras plataformas de fact-checking internacionais – como a “Full Fact”, a Reuters e o “Logically Facts” –, que também a consideram falsa.
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