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Esta fotografia é real e mostra buraco de grande dimensão numa rua em Algés?

Sociedade
O que está em causa?
A cratera é tão grande que, além do epicentro em plena estrada, abrange até uma parte do passeio. Bombeiros e elementos da Proteção Civil parecem estar a tratar da situação. A imagem foi partilhada no X/Twitter e motivou pedidos de verificação de factos.

O centro de Algés já tem acesso direto ao centro da Terra”, ironiza-se num tweet de 28 de novembro que exibe a fotografia em causa. “Construir a cidade em cima de ribeiras só podia trazer consequências graves no futuro. A natureza vence sempre o alcatrão e o betão”, sublinha-se.

Na imagem vê-se uma buraco tão grande na estrada que até apanha uma parte do passeio, deixando aliás descobertas as raízes de uma árvore.

É real? E a descrição corresponde à verdade?

Sim. Resultou de um “abatimento de via em Algés, devido ao colapso da conduta da ribeira”, segundo informou a Câmara Municipal de Oeiras (CMO) num comunicado emitido no dia 28 de novembro.

A ocorrência deu-se na manhã desse mesmo dia, junto ao Largo Comandante Augusto Madureira, e não provocou feridos nem causou danos materiais.

Ao local acorreram a Proteção Civil de Oeiras que vedou “toda a zona num perímetro de segurança que irá manter-se até que estejam repostas todas as condições necessárias à normal circulação”, além de técnicos da CMO para “remover o entulho resultante deste abatimento”.

Às 19h desse dia, a CMO atualizou o comunicado, informando então que prosseguiam “os trabalhos de limpeza e contenção na zona do Largo Augusto Madureira” e que “foram instaladas as barreiras do novo sistema de retenção e reencaminhamento de água, para salvaguardar o Largo Comandante Augusto Madureira, desviando as águas para a Avenida dos Bombeiros Voluntários”.

A CMO sublinhou ainda que já tinha alertado “insistentemente” o Governo e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para “a necessidade urgente de obras” naquele local antes de o abatimento ter ocorrido. Perante o sucedido, a autarquia “notificou formalmente a APA para a necessidade urgente da realização de obras estruturais na conduta da Ribeira de Algés”.

No Twitter, Carla Castelo, vereadora independente na Câmara Municipal de Oeiras, critica a construção de um parque de estacionamento provisório em Algés que diz ter custado "mais de meio milhão de euros". É um exemplo de "más políticas" e "má despesa pública", acusa.

No entanto, em resposta ao Polígrafo, a APA garante que “não tem conhecimento de qualquer reporte que tenha sido efetuado por parte da CMO” sobre a necessidade urgente de obras, “nomeadamente obras de carácter estrutural e que pudessem estar associadas a um perigo de colapso da estrutura em questão, ou mesmo o abatimento do terreno à superfície”.

A mesma entidade desconhece que a CMO “tenha efetuado qualquer estudo ou relatório técnico referente à verificação de patologias e anomalias estruturais ao longo de todo o troço coberto da ribeira de Algés” e esclarece que “é da responsabilidade dos municípios proceder à realização das medidas de conservação e reabilitação da rede hidrográfica nos aglomerados urbanos”, tal como define o “n.º 5 do Artigo 33.º da Lei n.º 58/2005“.

Após o incidente, a APA confirmou ao Polígrafo ter-se deslocado ao local no dia 29 de novembro “por forma a acompanhar as obras de urgência que estão a ser efetuadas no local”.

Ao Polígrafo, o gabinete do Ministério do Ambiente e da Ação Climática também indica não ter conhecimento de qualquer reporte sobre a necessidade urgente de obras neste troço por parte da CMO.

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Avaliação do Polígrafo:

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