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Escola em Carcavelos deu incentivos financeiros para que alunos do sexo masculino usassem saia?

Sociedade
O que está em causa?
Em torno da discussão da ideologia de género, voltou a surgir nas redes sociais a informação de que haveria escolas a pagar aos alunos de sexo masculino para se vestirem como meninas. É uma queixa que acontece cerca de quatro anos depois de uma iniciativa levada a cabo pela associação de estudantes de um estabelecimento de ensino em Carcavelos.
© Shutterstock

“Vocês sabiam que há escolas em Portugal a pagar 20 euros aos meninos para se vestirem de menina? O que é que vocês faziam se fizessem isto aos vossos filhos? Isto não é um cenário hipotético, isto aconteceu de facto em Portugal”. Este é o texto de um tweet partilhado no X com mais de 35 mil visualizações.  

O utilizador que o partilhou cita Maria Helena Costa, que participou recentemente no podcast “Guru Mike Billions” para falar sobre a questão da ideologia de género nas escolas. “O que não podes fazer é educar os teus filhos em casa, vestindo os rapazes como normalmente se vestem e as meninas como normalmente se vestem, e depois eles chegarem à escola e inclusive darem incentivos financeiros para que os rapazes vão vestidos de meninas”, disse a Presidente na empresa Associação Família Conservadora. 

 

Mas será que houve de facto escolas a pagar aos alunos para se vestirem como meninas? 

Não. Há cerca de quatro anos, a Escola Básica e Secundária de Carcavelos esteve envolvida numa polémica devido a um cartaz divulgado pela associação de estudantes. Porque a roupa não tem génerosexta usamos saia. habilita-te a ganhar 10 euros”, podia ler-se.  

O tema regressou agora às redes sociais devido à discussão do ensino de ideologia de género nas escolas na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento. 

À data dos factos (2021), o Polígrafo entrou em contacto com a associação de estudantes da escola.  “O intuito da atividade é apelar à não discriminação e ao respeito pela liberdade de expressão. Na nossa comunidade escolar existem algumas pessoas que já sofreram por questões relacionadas com a sua identidade de género ou forma como se vestem, por isso achámos adequado juntarmo-nos ao movimento para mostrar apoio aos nossos colegas“, explicou à data Ana Raimundo, a presidente da associação de estudantes. 

Para participarem na iniciativa, os alunos rapazes tinham que tirar uma foto de saia e partilhar o registo no Instagram. O vencedor – que era escolhido com base em critérios como a criatividade – ganhava um cartão da Steam de dez euros, bem como brindes surpresa.  

A campanha gerou uma onda de críticas, com várias pessoas a considerar a iniciativa “um escândalo” e um “crime contra os jovens”. 

“A única resposta possível às críticas que encontrámos nas redes sociais é manifestar o nosso descontentamento e até tristeza com o facto de alguns adultos conseguirem distorcer e denegrir as ideias dos jovens com o intuito de tirarem de lá algum proveito”, lamentou Ana Raimundo aquando da situação. 

A presidente da associação à data dos factos referiu ainda que aquela era a primeira vez que a iniciativa iria ocorrer naquela escola, mas que “já tinha sido desenvolvidas noutras escolas, quer portuguesas, quer de outros países”.

Portanto, tendo em conta esta iniciativa, é falso dizer que a escola em questão pagou aos alunos para que usassem saia. A iniciativa foi levada a cabo pela associação de estudantes e o alegado pagamento só seria feito ao vencedor do concurso. 

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Avaliação do Polígrafo:

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