A "notícia" ou rumor espalhou-se velozmente nas redes sociais, primeiro nos Estados Unidos da América (EUA) e depois à escala global, através de publicações em diversas línguas. Há variações na mensagem, sobretudo nas traduções, mas em geral aponta-se no mesmo sentido: a Escola de Medicina de Harvard, em Boston, EUA, supostamente estará a promover um curso nas áreas de obstetrícia e ginecologia que visa ajudar os pediatras a identificarem "bebés LGBTQIA+".

Difundida sobretudo em páginas de movimentos anti-"ideologia de género", esta história tem algum fundamento?

O facto é que a Escola de Medicina de Harvard já emitiu um comunicado a esclarecer esta questão, datado de 11 de janeiro de 2023. Em causa está a "Iniciativa de Saúde das Minorias Sexuais e de Género", criada para formar e treinar alunos de Medicina no âmbito dos cuidados a indivíduos LGBTQIA+ e da resposta às necessidades dessa parte da população.

"Relatórios recentes que fazem referência a um dos nossos cursos de Educação Médica descuraram a indicação de que alguns bebés nascem com variações no desenvolvimento do sexo", ressalva a Escola de Medicina de Harvard, num comunicado que pretende "esclarecer e corrigir esses mal-entendidos e imprecisões relacionados com o treino de alunos para cuidar de bebés que têm variações no desenvolvimento do sexo".

"Sensibilizar para e cuidar de populações diversas, com o objetivo de atender às suas necessidades clínicas, médicas e de saúde, são princípios centrais da Saúde Pública e da missão e valores da Escola de Medicina de Harvard", sublinha.

"Como parte do nosso currículo de Educação Médica, a Escola de Medicina de Harvard oferece um curso facultativo de quatro semanas que forma e treina estudantes de Medicina no sentido de providenciar cuidados de alta qualidade - e culturalmente responsivos - a pacientes com diversas orientações sexuais, identidades de género e desenvolvimento do sexo, em todas a faixas etárias", descreve a instituição.

"Neste contexto, cuidar de bebés refere-se especificamente a variações físicas no desenvolvimento do sexo que surgem no útero e estão presentes no nascimento. O que inclui variações cromossómicas, gonodais e anatómicas, todas elas relevantes no âmbito dos cuidados e tratamentos médicos para assegurar um desenvolvimento saudável", esclarece.

De resto, o curso baseia-se em recomendações da Associação de Faculdades de Medicina Americanas e visa dar resposta às "necessidades de pacientes que são LGBTQIA+, que não se identificam com o género que lhes foi atribuído ou que nasceram com diferenças no desenvolvimento do sexo".

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