Numa publicação feita no Facebook a 26 de dezembro, alega-se que Portugal importou “909 milhões de euros de importações de eletricidade em 2023, das centrais a carvão de Espanha”. A quantidade de energia elétrica importada representa, de acordo com a publicação em questão, “30% do que consumimos”.
Mas será que estes valores estão corretos e é este o peso das importações na energia elétrica que se consumiu num ano?
De acordo com o boletim Fatura Energética Portuguesa da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), em 2023 Portugal importou 13.545 gigawatts hora (GWh), o que representou um custo de 1.198 milhões de euros. Por outro lado, exportou 3.331 GWh (289 milhões de euros).
Ora, subtraindo o valor obtido com exportações ao do despendido nas importações, obtém-se um saldo importador de 10.214 GWh, o que corresponde a 909 milhões de euros, tal como refere a publicação em causa.
De acordo com uma notícia da CNN Portugal, “nos últimos três anos, a compra e venda de eletricidade a Espanha registou um saldo negativo de 3.279 milhões de euros”. Este valor corresponde à totalidade dos saldos importadores de 2021, 2022 e 2023, como se pode consultar na Fatura Energética portuguesa da DGEG.
Na publicação em análise diz-se também que “importamos agora 30% do que consumimos”. Os dados do boletim de consumo de energia elétrica do Observatório da Energia indicam que Portugal consumiu em 2023 50.736 GWh de energia elétrica. Destes, detalha o boletim, 19,9% correspondem ao saldo importador (diferença entre as importações e as exportações).
Os dados do data hub da REN também vão neste sentido, ainda que com valores ligeiramente diferentes. Dos 50.703 GWh de abastecimento de consumo anual, 19,9% correspondem ao saldo importador.
Assim sendo, é enganador dizer que Portugal importou 30% da energia elétrica que consumiu, tendo em conta que se estará a excluir a energia que, por outro lado, Portugal exportou. Analisando o saldo importador, verifica-se que o país importou 19,9% do que consumiu.
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Nota Editorial: A classificação foi alterada de “verdadeiro” para “falso” a 5 de janeiro, depois de o Polígrafo ter sido alertado para dados mais específicos sobre o saldo importador.
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Avaliação do Polígrafo:
