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Em 1874 foi apresentada uma petição assinada por 2.000 portuenses contra as touradas?

Sociedade
O que está em causa?
O pedido de verificação de factos foi dirigido ao Polígrafo por um leitor, após a plataforma "Basta de Touradas" ter partilhado nas suas redes sociais uma iniciativa no século XIX, em que o deputado Adriano Machado apresentou uma petição assinada por 2.000 portuenses contra as touradas.

Nas redes sociais da plataforma “Basta de Touradas” foi partilhado esta semana um documento onde se mostra que em 1874, na Câmara dos Deputados, foi entregue uma petição assinada por 2.000 portuenses contra as touradas. A publicação feita no Instagram (que depois surgiu também no X e no Facebook) foi enviada ao Polígrafo com um pedido de verificação de factos.

“O Porto contra as touradas. Na sequência de várias propostas para a abolição das touradas e da tentativa de promover a tauromaquia na cidade do Porto, o deputado Adriano Machado apresentou em 1874 na Câmara dos Deputados, uma petição assinada por 2.000 portuenses contra as touradas. A iniciativa foi publicada no ‘Diário das Sessões’ no dia 14 de fevereiro desse ano”, destaca-se na publicação em causa.

Conclui-se sublinhando que se tratou de “uma iniciativa notável no século XIX“.

De facto, esta iniciativa foi levada à Câmara dos Deputados no dia 14 de fevereiro de 1874 e foi publicada no “Diário das Sessões”.

Como mostra o arquivo do site do Parlamento, no “Diário da Câmara dos Senhores Deputados”, referente ao dia da sessão, lê-se a seguinte intervenção do deputado Adriano Machado: “Fui também encarregado de apresentar à Câmara uma representação [petição] contra as touradas. Vem assinada por 2.000 pessoas da cidade do Porto, das mais respeitáveis, pedindo que eu procurasse conseguir da Câmara que a representação fosse publicada no Diário das nossas sessões, com as respectivas assinaturas”.

A história das touradas em Portugal nunca foi tema consensual na sociedade. Na sequência da Bula do Papa Pio V, as lutas com touros foram proibidas pelo Cardeal D. Henrique no ano de 1578, proibição que se manteve apenas durante dois anos. Dois séculos depois, a 7 de julho de 1809, D. João VI condiciona a realização de touradas a uma licença especial do Rei

Décadas depois, em setembro de 1836, durante o reinado de D. Maria II, o ministro e secretário de Estado dos Negócios do Reino, Passos Manuel, decretou a proibição das corridas de touros. Esse decreto seria revogado cerca de nove meses depois, em julho de 1837, pelas Cortes Constituintes. E em 1919, na I República também foi aprovado um decreto de proibição das touradas, mas não resistiu à mudança de regime, poucos anos depois.

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Avaliação do Polígrafo:

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