“Nas três freguesias onde putativamente há mais imigrantes – Lisboa, Oeiras e Porto -, o Chega ficou ao nível dos partidos Livre, Bloco [de Esquerda] e CDU”, destaca-se num tweet de 10 de junho, mostrando os resultados das eleições europeias nesses três concelhos (e não freguesias, como se indica erradamente).
A partir do que se conclui que “isto significa que a população rejeita o discurso securitário e anti-imigração que o Chega nos tenta vender! O Chega realmente não nos representa!”
O problema é que, além da confusão entre freguesias e concelhos, o autor do tweet parte de um pressuposto que não tem sustentação factual.
Na realidade, os concelhos com maior percentagem de população imigrante ou estrangeira situam-se quase todos no Algarve – onde o Chega, apesar de uma queda notória em relação às legislativas de março, não deixou de obter votações muito expressivas e superiores à média nacional.
Mas o autor do tweet poderia estar a referir-se aos concelhos com maior número absoluto de imigrantes, não à percentagem na respetiva população residente.
Ainda assim ter-se-á enganado: os concelhos com maior número de imigrantes, de acordo com os últimos dados oficiais, são Lisboa (108.894 estrangeiros), Sintra (42.475), Cascais (34.097), Amadora (23.834) e Loures (21.579).
E se no concelho de Lisboa houve uma aproximação entre o Chega (7,64% dos votos) e o Livre (7,50%), ainda que a distância considerável do BE (6,10%) e CDU (4,87%), o mesmo não se aplica ao concelho de Sintra, onde o Chega se destacou na terceira posição com 13,10% dos votos, muito acima da média nacional (9,79%) e mais do dobro em comparação com o Livre (4,64%), BE (5,10%) e CDU (4,45%).
Verifica-se o mesmo cenário em Cascais (10,27% dos votos para o Chega), Amadora (10,81% dos votos) e Loures (11,52% dos votos), com o Chega a obter mais do dobro da percentagem de votos em comparação com o Livre, BE e CDU (no caso dos comunistas, não chegou ao dobro na Amadora e Loures). E sempre destacado na terceira posição – exceto em Cascais, onde foi ultrapassado pelo Iniciativa Liberal.
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Avaliação do Polígrafo: