- O que está em causa?"Os jovens também são vítimas do paraíso socialista de António Costa", acusa-se em publicação no Facebook. Por entre vários dados estatísticos realça-se que "os salários dos jovens portugueses são os segundos mais baixos da União Europeia". Esta alegação tem fundamento?

"São apenas 1 milhão até aos 24 anos num país cada vez mais de idosos", começa por se salientar num post de 7 de agosto no Facebook em que se acusa: "Os jovens também são vítimas do paraíso socialista de António Costa."
Mais, "95% vive com os pais por incapacidade financeira de arranjar casa" e "são a geração academicamente melhor preparada, mas 17% estão no desemprego e 57% têm emprego precário".
Por entre uma série de dados estatísticos, com enfoque nos jovens que vivem em Portugal, avança-se depois para a questão dos salários que - garante o autor da publicação - "são os segundos mais baixos da União Europeia".
Esta última alegação - que suscitou dúvidas a vários leitores do Polígrafo - tem fundamento?

Baseia-se num estudo da Pordata sobre os jovens portugueses, divulgado no dia 31 de julho: "No âmbito das Jornadas Mundiais da Juventude, a Pordata - a base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos - faz um retrato sobre os jovens portugueses entre os 15 e os 24 anos. Quão qualificados são os jovens no nosso país? Como é o seu acesso à habitação e ao emprego? Que tipo de vínculo laboral têm, que salários auferem? Quais os seus hábitos de saúde? Que uso fazem da tecnologia?"
Segundo esse "retrato", no que respeita à inserção no mercado de trabalho, "a instabilidade laboral é frequentemente associada aos jovens. Os contratos temporários são uma realidade para cerca de 6 em cada 10 jovens (57%) empregados, bastante acima dos 14% que correspondem aos trabalhadores entre os 25-64 anos. Na União Europeia, os contratos temporários abrangem 5 em cada 10 jovens (e 11% dos trabalhadores de 25-64 anos). Somos o 5.º país com maior proporção de jovens nesta condição, atrás dos Países Baixos, Eslovénia, Itália e Espanha".
"A inserção profissional dos jovens tende a caracterizar-se igualmente por salários mais baixos, em comparação com a população em geral", sublinha-se. "Em 2021, o salário médio dos jovens entre os 18 e os 24 anos foi de 948,8 euros mensais brutos, menos 345,3 euros do que a média nacional. Apenas na Área Metropolitana de Lisboa os jovens ultrapassam a barreira dos 1.000 euros (1.035,6 euros), mas também é aqui que a discrepância face à média da região é maior (-527,2 euros). Por outras palavras, os salários dos jovens são, em média, 27% inferiores aos salários do total da população, valor que sobe para 34% na Área Metropolitana de Lisboa".

Em comparação com os restantes país da União Europeia, no estudo indica-se que "os últimos dados disponíveis relativos a salários, ao nível europeu, remontam a 2018. Portugal era, então, o 2.º país em que os jovens tinham os salários mais baixos depois da Grécia, e o 3.º com os salários mais baixos na população em geral (atrás da Bulgária e Lituânia). Os jovens em Portugal ganhavam em média menos 36% que a média europeia, e a diferença era maior entre os homens do que entre as mulheres quando comparados com a média da União Europeia (-39% vs. -31%)".
Para concluir, a alegação tem fundamento, mas os dados remontam ao ano de 2018 e, como tal, há que ter em atenção que podem estar desatualizados mediante a evolução (para melhor ou pior) dos últimos anos.
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Avaliação do Polígrafo:
