“Mais de 50% dos idosos com mais de 65 anos [de idade] são vítimas de algum tipo de violência doméstica em Portugal”, destaca-se num post no Facebook, a 1 de outubro, data em que se celebra anualmente o Dia Internacional do Idoso.
Em causa uma publicação que conta já com centenas de partilhas nessa rede social. Mas será que a alegação tem fundamento?
Segundo as mais recentes “Estimativas de população residente em Portugal”, divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e referentes ao ano de 2023, existiam, no final desse ano, 2.564.575 pessoas com 65 ou mais anos de idade.
Ora, precisamente para assinalar o Dia Internacional da Pessoa Idosa, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) apresentou as “Estatísticas APAV | Pessoas Idosas Vítimas de Crime e Violência”, que dão conta de que, entre 2021 e 2023, “apoiou um total de 4.793 pessoas idosas vítimas de crime e de violência”.
No que diz respeito a ocorrências de violência doméstica, o “número de pessoas idosas vítimas” apoiadas – com 65 ou mais anos – foi ligeiramente inferior nesses três anos: um total de 3.436 pessoas.
Dados relativamente similares constam no “Relatório Anual de Segurança Interna 2023”. No que diz respeito a crimes de violência doméstica informa que, só no ano citado, foi contabilizado “um total de 4.050 vítimas com mais de 64 anos”. O que, contas feitas, corresponde a cerca de 0,16% da população idosa.
Assim, apesar de essa percentagem ser apenas referente a um ano – 2023 – fica muito distante da citada na publicação analisada, pelo que a alegação de que “mais de 50% dos idosos” acima dos 65 anos “são vítimas de algum tipo de violência doméstica em Portugal” não é fundamentada. Até porque não existem, na comunicação social, notícias credíveis que apontem nesse sentido.
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