“Folha [de nespereira] que produz insulina, limpa os rins, elimina ácido úrico e limpa as artérias“, destaca-se na imagem do post que está a ser partilhado viralmente nas redes sociais, com epicentro no Facebook, e entretanto foi remetida ao Polígrafo com vários pedidos de verificação de factos.
Indica uma hiperligação para uma página onde se recomenda a ingestão de um chá de folhas de nespereira para obter tais benefícios de saúde.
Mas tem algum fundamento científico?
O Polígrafo contactou Rita Lima, nutricionista no Centro de Cuidados Renais B. Braun, que, em resposta, assegurou que “não existe evidência científica relevante que sustente a alegação de que a folha de nespereira possa ajudar a limpar os rins e eliminar ácido úrico”.
“O eventual benefício deste alimento prende-se com o seu teor em compostos fenólicos, que apresentam propriedades antioxidantes, com potencial impacto positivo na saúde a diversos níveis, onde se pode incluir a função renal”, explicou.
Esta informação, de que as nespereiras possuem “fontes significativas de compostos fenólicos e alta atividade antioxidante”, está patente num estudo – “Conteúdo bioativo e compostos fenólicos da nêspera (Mespilus germanica L.) e nêspera (M. canescens Phipps)” – publicado em março de 2022.
No entanto, Rita Lima adverte: “Não podemos afirmar, de forma sustentada e transversal, que os produtos naturais possam ajudar a combater doenças. Podemos dizer apenas que, devido ao teor de antioxidantes existente em alguns produtos naturais, é possível obter benefícios para a saúde e reforçar o sistema imunitário”.
Mais, “isto não quer dizer que exista sempre uma relação direta de causa-efeito entre produtos naturais e benefícios de saúde”.
Também contactado pelo Polígrafo, Artur Mendes, presidente da Direção do Colégio de Nefrologia da Ordem dos Médicos, aponta no mesmo sentido ao garantir que “não há evidência clínica credível que sustente a utilização” da folha de nespereira como forma de limpar os rins ou eliminar o ácido úrico.
O que há de benéfico é “a água que existe” nestas folhas que “é o melhor que têm”, conclui.
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Avaliação do Polígrafo:
