“Será que é desta que vão dar a devida atenção às forças de segurança? Num tempo em que a criminalidade violenta aumentou 14% face a 2021”, lê-se num tweet de 24 de janeiro, exibindo uma fotografia recente que retrata uma manifestação de milhares de polícias em frente à Assembleia da República, em Lisboa.
A publicação já acumula mais de 17 mil visualizações e motivou reações de outros utilizadores do X/Twitter. Houve quem notasse que a “criminalidade violenta aumentou 14% em 2022 comparado com 2021, ano de pandemia” – mas que, se a comparação for feita com o “último ano normal, 2019”, regista-se uma tendência decrescente, com uma queda na ordem dos “7%”.
Quem tem razão nos dados apresentados?
Através de consulta ao Relatório Anual de Segurança Interna 2022 – o último divulgado até ao momento – confirma-se que se registaram, nesse ano, “13.281 participações de criminalidade violenta e grave, mais 1.667 (+14,4%)” do que em 2021. Números que sustentam os dados veiculados no tweet sob análise.
Mas, de facto, se a análise for feita em comparação “com o período pré-Covid (2019), quando ainda não vigoravam medidas restritivas”, nota a mesma fonte, “verifica-se uma descida de 7,8%” no que diz respeito à criminalidade violenta. Um dado importante, na medida em que o relatório cita “o fim” de tais restrições “resultantes da pandemia” como a principal causa do aumento da criminalidade entre 2021 e 2022.
Além disso, se tivermos em conta um período temporal mais extenso – “desde o ano 2006, num ciclo de 17 anos” –, conclui-se que existiu uma “tendência de descida, tanto na criminalidade geral como na criminalidade violenta e grave”.
Por outro lado, importa sublinhar ainda que “a criminalidade violenta e grave representa 3,9% de toda a criminalidade participada” – uma percentagem consideravelmente baixa.
A publicação em análise é carimbada assim com o selo de “Verdadeiro, mas…”, por carecer do contexto necessário para se entender, de uma forma mais precisa, a evolução da criminalidade violenta em Portugal nos últimos anos.
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