A abstenção aumentou muito nas eleições europeias em Portugal? É um dos temas mais comentados nas redes sociais, desde ontem à noite, por entre diversas publicações que garantem que sim e apontam para valores superiores a 70%. Verificação de factos, a pedido de leitores do Polígrafo.
De facto, a abstenção aumentou em percentagem (taxa de abstenção), mas diminuiu em valor absoluto (isto é, o número de votantes aumentou), em comparação com as anteriores eleições europeias, realizadas em 2014.
Em 2014 votaram no total 3.283.610 eleitores, de um total de 9.702.657 inscritos, pelo que taxa de abstenção foi de 66,16%. Em 2019 votaram no total 3.312.698 eleitores, de um total de 10.560.372 inscritos, pelo que a taxa de abstenção foi de 68,63% (estes números ainda não são definitivos, pois faltam apurar os resultados de sete consulados).
Ou seja, em 2019 votaram mais 29.088 pessoas do que em 2014, mas a taxa de abstenção aumentou de 66,16% para 68,63% por causa do aumento do número de inscritos.
No ano passado, o recenseamento automático de portugueses que vivem no estrangeiro fez disparar o número de eleitores de 318 mil para cerca de 1,4 milhões. Ou seja, o universo eleitoral nos círculos da emigração mais do que quadruplicou.
Em suma, a abstenção aumentou em percentagem mas o número de votantes também aumentou. E apesar do aumento, a taxa de abstenção não chegou aos 70%, como indicam muitas publicações e demais comentários nas redes sociais. Sobretudo por causa dessas referências incorretas a valores superiores a 70%, optamos pela classificação de “impreciso”.
Avaliação do Polígrafo: