"De sublinhar que, em 2022, 67% do montante de empréstimos concedidos a particulares destinou-se à compra de habitação. Aliás, o crédito à habitação concedido às famílias e a empresas no sector da construção representa 62% do crédito total atribuído pelas instituições bancárias portuguesas", destaca-se num "post" de 25 de março, divulgado no Facebook. A acompanhar a descrição, uma infografia demonstrativa dos tipos de empréstimos imobiliários como percentagem do total dos ativos dos bancos nos Estados Unidos da América (EUA), produzida pela firma norte-americana "John Burns", da área do "real estate".

Será verdade que, em Portugal, 62% do total de empréstimos concedidos pelas instituições bancárias a particulares e empresas se destinam à habitação?

De acordo com o último relatório anual do "Mediador do Crédito", que, apesar de ter competências próprias, funciona junto do Banco de Portugal, referente ao ano de 2021, "entre o final de 2020 e o final de 2021, o total do crédito concedido aos particulares aumentou 3,6% (+4,3 mil milhões de euros), em resultado do aumento quer no crédito à habitação (+1,9 mil milhões de euros; +2%), quer no crédito ao consumo e outros fins (+2,4 mil milhões de euros; +3,6%)".

"No crédito à habitação, que representa 78% do crédito a particulares, verificou-se uma redução de 20,9% no crédito vencido", lê-se no documento, que revela ainda que também "a procura de empréstimos por particulares aumentou no crédito à habitação e ao consumo".

  • Há proprietários a pedir quase 30 mil euros de entrada para arrendar um apartamento?

    Em 2023 entrou em vigor uma medida proposta pelo Bloco de Esquerda que reduziu o número máximo de rendas antecipadas (de três para duas) que os proprietários podem exigir quando arrendam uma casa. Mas em vários anúncios pedem-se até 12 rendas antecipadas. Há valores de entrada que ascendem a quase 30 mil euros, com os proprietários a sugerirem o recurso a empréstimos bancários.

Quanto às empresas, não há informação que permita concluir que os créditos fornecidos se tenham destinado a investimento na habitação. Apesar disso, também neste setor houve um aumento do endividamento: "O total de crédito concedido também evidencia um aumento, na ordem dos 2,3% (+1,7 mil milhões de euros), para 75,7 mil milhões de euros." Por fim, "a proporção de pedidos de empréstimos rejeitados manteve-se praticamente inalterada no crédito quer a empresas, quer a particulares".

Quer neste relatório, quer noutras redações sobre o tema, não há qualquer menção ao total de créditos à habitação, com esta mesma denominação, a empresas, mas apenas a particulares.

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