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É verdade que 30% dos deputados do Chega já passou pelo PSD, CDS-PP ou PPM?

Política
O que está em causa?
Durante o debate da Moção de Censura, o Primeiro-Ministro atacou diretamente Rui Cristina e André Ventura, desafiando-os a manter "decoro" e elevar o debate político. Um raio-x à bancada do Chega revela que cerca de 30% dos seus deputados têm passado nos partidos da Aliança Democrática, ou seja, no PSD, CDS-PP e PPM.
© José Sena Goulão/Lusa

Num ataque direto ao ex-colega de partido, Rui Cristina, o Primeiro-Ministro também atingiu André Ventura durante a discussão da Moção de Censura apresentada pelo Chega: “Se houvesse decoro [o deputado] falava só num ano e Ventura em seis ou sete, não podia falar mais. E se em 2018/2019 eu me tivesse candidatado a presidente do PSD, o André Ventura ainda cá estava. E aí o que se diria dos 49 ou 43 anos anteriores? Tenham decoro. Façam combate político com elevação. Não façam essas figuras.”

Luís Montenegro lembrava o passado político de Cristina e de Ventura, já que ambos passaram pelo PSD. À redação do Polígrafo, chegou uma lista mais completa de nomes de deputados que, alegadamente, passaram pelos três partidos que venceram as eleições (PSD, CDS-PP e PPM). 

Um a um, eis o raio-x à bancada do Chega com ligações a outras direitas:

Pedro Pinto: O antigo militante e dirigente do CDS-PP de Portalegre desfiliou-se do partido em 2019, passando para a liderança da distrital de Beja no Chega.

Rita Matias: A deputada iniciou a sua atividade política na Juventude Popular do CDS-PP, mas acabou por sair uma vez que não se “identificava com o projeto e as ideias” do partido.

Eduardo Teixeira: O ex-deputado do PSD nas XII e XIV legislaturas integrou o Chega em janeiro de 2024, três meses antes das eleições legislativas em que seria escolhido para cabeça de lista do partido por Viana do Castelo. 

André Ventura: Esteve no PSD entre 2001 e 2018 e nas eleições autárquicas de 2017 foi candidato do PSD à Câmara Municipal de Loures, onde foi eleito vereador.

Pedro Pessanha: Foi militante do CDS-PP e chegou a presidente do Núcleo de Cascais.

Bruno Nunes: Foi candidato efetivo às europeias de 2014 pelo Partido Popular Monárquico (PPM).

Pedro Frazão: Foi militante do PSD antes de entrar para o Chega em 2019.

Diogo Pacheco de Amorim: Filiado no CDS-PP, foi ex-assessor do antigo presidente do partido e vice-primeiro-ministro Diogo Freitas do Amaral e também ideólogo do Partido Popular.

Henrique de Freitas: Deputado do PSD entre 1999 e 2009. Foi ex-secretário de Estado da Defesa de Durão Barroso.

Gabriel Mithá Ribeiro: Foi filiado no PSD durante 15 anos antes de se juntar ao Chega.

Diva Ribeiro: Entrou com 12 anos para a JSD e foi militante do PSD até 2020.

Rui Cristina: O lugar cimeiro na lista do Chega em Évora falou mais alto do que o quinto lugar no círculo eleitoral de Faro pelo PSD e Cristina acabou por sair do PSD a tempo de conseguir ser eleito pelo partido de André Ventura nas eleições de março de 2024.

Manuela Tender: Foi deputada à Assembleia da República na XII e XIII legislaturas pelo PSD, eleita pelo círculo eleitoral de Vila Real.

Francisco Gomes: Foi deputado à Assembleia da República na XII legislatura pelo PSD.

Manuel Magno Alves: Foi o candidato número dois pelo círculo de Fora da Europa pelo PSD nas eleições legislativas de 2022.

Rui Paulo Sousa é o único desta lista a quem só é conhecida uma ligação não oficial ao CDS-PP. Apesar disso, o deputado do Chega fez parte do Aliança. Feitas as contas, são 15 os deputados com ligações diretas aos partidos que formam a Aliança Democrática (AD), ou seja, cerca de 30%.

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Avaliação do Polígrafo:

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