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É prejudicial dar aulas de máscara e falar “mais de 40 minutos seguidos”?

Coronavírus
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Em publicação que acumula milhares de partilhas nas redes sociais alega-se que "dar aulas com máscaras na boca dos professores é um atentado à saúde dos profissionais". Mais especificamente, "podem provocar vários problemas na laringe". Verdade ou falsidade?

“As máscaras usadas permanentemente pelos professores podem provocar graves problemas na laringe e na saúde daqueles profissionais. A recomendação médica é a de que uma pessoa não deve falar prolongadamente, por dia, mais de 40 minutos seguidos. Os professores, em regra, têm aulas de 90 minutos, muitas vezes em dois ou três blocos seguidos. Agora acrescentem a este cenário ter de se falar, todas essas horas seguidas, com uma máscara a cobrir a boca e o nariz, sem a devida oxigenação e respirando, na verdade, uma mistura razoavelmente tóxica”, alerta-se na mensagem da publicação.

Estas alegações têm validade científica?

Questionado pelo Polígrafo, João Júlio Cerqueira, médico especialista de Medicina Geral e Familiar e criador do projeto “Scimed“, indica saber-se que “a utilização de máscara dificulta a comunicação e poderá obrigar a um maior esforço das pessoas para que sejam compreendidas”. Contudo, essa diferença no esforço “parece ser irrelevante e dificilmente causará problemas de saúde ao utilizador de máscara”.

Cerqueira admite desconhecer a recomendação de não se dever falar mais de 40 minutos seguidos, ressalvando que “existem culturas onde as mulheres andam permanentemente cobertas, de cara tapada, não existindo qualquer registo de mais problemas de saúde ou danos na laringe por casa disso”.

O médico salienta ainda que o uso de máscara é um hábito cultural em alguns países asiáticos e que não há “qualquer registo de danos na laringe nessas pessoas, em comparação com países sem esse hábito cultural”.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

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