Num chat dos Médicos pela Verdade Portugal ativo na plataforma Telegram, um membro daquele grupo conotado com teses negacionistas da Covid-19 perguntava o que fazer após um filho ter sido sido chamado pelo Serviço Nacional de Saúde para fazer o teste de rastreio ao novo coronavírus.
Uma das participantes, uma médica, sugeriu uma receita composta por suplementos, água, descanso e lavagens ao nariz e à garganta. Objetivo: eliminar “todos os restos virais” dos sítios onde a amostra do teste é recolhida, sendo que uma repetição regular faria com que o resultado fosse negativo.
É mesmo possível manipular os resultados de um teste PCR?
Ao Polígrafo, Ricardo Mexia, presidente da Associação dos Médicos de Saúde Pública defende que não. “O teste da zaragatoa recolhe células na orofaringe e na nasofaringe que, por mais que sejam limpas, sem causar lesão, vão ter material genético do vírus. Não conheço nenhuma evidência científica que prove que o vírus possa ser eliminado com qualquer uma das técnicas apresentadas.”
O episódio em causa foi noticiado publicamente e a autora da ideia já veio a público afirmar que o seu objetivo seria, na realidade, “aumentar a sensibilidade do teste ao proporcionar o contacto mais íntimo do algodão com a mucosa, dada a prévia eliminação de detritos”. Mais: que “há a probabilidade de alguém sem infeção, poder vir a testar positivo “dada a cientificamente comprovada incapacidade dos testes Rt-PCR distinguirem o vírus íntegro – capaz de contagiar e de causar doença, de partículas virais remanescentes da ação do sistema imunitário, incapazes de causar doença tampouco de contagiar”.
Também aqui as teses daquela profissional são contestadas pelos seus pares. Ao Polígrafo, o virologista Celso Cunha afirmou que os testes PCR utilizados para despistagem da Covid-19 só detetam a presença do SARS-CoV-2 e não de outros coronavírus.
Também aqui as teses daquela profissional são contestadas pelos seus pares. Ao Polígrafo, o virologista Celso Cunha afirmou que os testes PCR utilizados para despistagem da Covid-19 só detetam a presença do SARS-CoV-2 e não de outros coronavírus. Assim, e ao contrário do que é apontado, o teste consegue distinguir o vírus íntegro de “partículas virais”, uma vez que nem sequer é sensível a estas últimas.
Conclui-se assim que não é possível confirmar que os testes PCR possam ser corrompidos.
________________________
Avaliação do Polígrafo: