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DGAV desaconselha o consumo de ovos e frangos até ao final do ano devido à gripe das aves?

Sociedade
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Uma página no Instagram de defesa dos animais anunciou que a Direção-Geral da Alimentação e Veterinária desaconselhou o consumo de ovos e frangos até ao final do ano, depois de ter sido detetado um caso de gripe das aves em Palmela. Confirma-se?

A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) anunciou na quinta-feira, dia 2 de dezembro, que foi detetado um caso de gripe das aves em Palmela e deixou várias orientações para conter a propagação do vírus que provoca esta infeção.

Poucas horas depois, uma página no Instagram de defesa dos animais escreveu, com um destaque gráfico assinalável, que a “DGAV desaconselha o consumo de ovos e frangos até ao final do ano”.

A publicação já conta com mais de 300 reações, mas será que a informação é verdadeira?

O Polígrafo consultou o edital publicado pela diretora-geral de Alimentação e Veterinária no qual se pode ler que foi confirmado, a 1 de dezembro de 2021, “um foco de infeção por vírus da GAAP do subtipo H5N1 em aves domésticas de detenção caseira no concelho de Palmela”.

Nesse edital, a responsável pela DGAV, Susana Pombo, dá conta das medidas de controlo determinadas para fazer face ao problema, nomeadamente o confinamento das “aves de capoeira e aves em cativeiro detidas em estabelecimentos, incluindo detenções caseiras, localizadas no território de Portugal Continental” de forma a “impedir o seu contacto com aves selvagens”.

Outra das medidas de controlo, citada inclusive na publicação sob análise, trata-se da proibição da circulação “de ovos para consumo humano” bem como de “subprodutos animais obtidos de aves detidas” a partir de estabelecimentos localizados nas zonas de proteção e vigilância, isto é, num raio de três e de dez quilómetros em volta do local afetado, como mostra a imagem abaixo.

créditos: © DGAV

No entanto, o documento não faz qualquer referência a uma eventual proibição ou a um desaconselhamento do consumo de ovos e de frangos no geral, ao contrário do que a primeira frase e os elementos gráficos da publicação da página de Instagram de defesa dos animais dão a entender.

Entrevistada pelo Polígrafo, Susana Pombo reitera que o consumo de ovos e de frango não foi desaconselhado ou proibido em qualquer parte do território nacional, incluindo a zona de Palmela e arredores, acrescentando que “não há motivo para alarme”. A representante da DGAV lembra ainda que Portugal é “o vigésimo país que declarou o foco de gripe aviária”, sendo que “nenhum destes países reportou focos em humanos”.

Susana Pombo explica que para haver um humano positivo “tem de haver um contacto muito estreito com as aves”, o que geralmente não acontece em Portugal, porque as pessoas “mantêm os animais fora das suas habitações”. Além disso, de acordo com a diretora-geral de Alimentação e Veterinária, “não há naquela zona nenhuma exploração industrial, só há explorações para autoconsumo”, ou seja, não há o risco de os ovos e de os animais ali produzidos acabarem no retalho alimentar.

Quanto à proibição da circulação de produtos como ovos e subprodutos animais obtidos de aves detidas naquela zona, a DGAV esclarece que essa norma significa apenas que “o movimento [desses produtos] para fora das explorações avícolas deve ser reduzido ao máximo” dentro daquela zona para evitar a propagação do vírus. A DGAV aconselha ainda os produtores a estarem alerta, mantendo-se atentos aos comportamentos dos seus animais para detetarem mais facilmente eventuais sinais clínicos.

Também na quinta-feira, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária tinha esclarecido, num comunicado publicado na sua página oficial, que “não há nenhuma evidência epidemiológica de que a gripe aviária possa ser transmitida aos seres humanos através do consumo de alimentos, nomeadamente de carne de aves de capoeira e ovos”.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:

Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:

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