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Desmatamento da Amazónia baixou 48% na Presidência de Jair Bolsonaro em comparação com Lula da Silva

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Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Em causa está a média anual - calculada em quilómetros quadrados - de desmatamento da Amazónia, no Brasil. De acordo com uma recente publicação no Facebook, essa média terá baixado 48% durante a Presidência de Jair Bolsonaro (desde 2019) em comparação com o período da Presidência de Lula da Silva (entre 2003 e 2010). O Polígrafo verifica.

“As contas para o que só defendem a Amazónia desde 2018. Entre janeiro e agosto de 2022, o acumulado de alertas de desmatamento na Amazónia foi de 8.590 km² [quilómetros quadrados], o registo máximo de desmatação da Amazónia durante a governação do presidente Jair Bolsonaro foi de 10,8 mil km² entre agosto de 2019 e julho de 2020, menor que o de Fernando Henrique Cardoso (29,1 mil km² em 1995 e 18,2 mil km² em 1999-2000) e Lula da Silva (27,7 mil km² em 2004 e 25,4 mil km² em 2003)”, destaca-se no post de 26 de setembro no Facebook, enviado ao Polígrafo com pedido de verificação de factos.

“Por média/ano por mandato: Fernando Henrique Cardoso 19.150 km², Lula da Silva 15.700 km², Dilma Rousseff e Michel Temer 5,37 mil km² e Bolsonaro 10,6 mil km², média em linha com os governos de esquerda do Partido dos Trabalhadores (PT) que foi de 10.535 km²”, acrescenta-se, para logo depois concluir:

Comparando só Lula da Silva com Jair Bolsonaro, o atual presidente tem menos 48% de desmatado por ano que o ex-presidiário.”

De acordo com os dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que pode consultar aqui, durante o período da Presidência de Lula da Silva (entre 2003 e 2010) registou-se um total de 125.494 km² no âmbito do desmatamento da Floresta Amazónica Brasileira, perfazendo uma média anual de 15.686 km².

Mais recentemente, durante o período da Presidência de Jair Bolsonaro (desde 2019) registou-se um total de 34.018 km², perfazendo uma média anual de 11.339 km².

Ora, da comparação direta entre os oito anos completos da Presidência de Lula da Silva e os primeiros três anos completos da Presidência de Jair Bolsonaro (não incluindo ainda os dados parciais do presente ano de 2022, em que a tendência de crescimento do fenómeno de desmatamento ou desflorestação parece ser evidente) resulta uma diminuição de 4.347 km² na média anual, o que corresponde a menos 27,1% e não menos 48%.

A diferença é substancial, pelo que aplicamos o selo de “Falso” na principal alegação do post em causa.

Outro elemento a ter em conta na análise destes dados é que o desmatamento da Amazónia quase bateu o ponto máximo (29.059 km² em 1995) nos dois primeiros anos de Lula da Silva na Presidência do Brasil (25.396 km² em 2003 e 27.772 km² em 2004). Excluindo esses dois primeiros anos, a média anual de Lula da Silva baixaria para 12.054 km², muito próxima da média anual (provisória, sem os dados de 2022) de Jair Bolsonaro.

No entanto, logo em 2005 iniciou-se uma trajetória descendente que culminou em 7.000 km² no ano de 2010, muito próximo do ponto mínimo (4.571 km² em 2012).

Na Presidência de Jair Bolsonaro, essa trajetória descendente foi invertida: logo em 2019 superou a fasquia de 10.000 km², algo que já não acontecia desde 2008; e nos dois anos seguintes voltou a aumentar para 10.851 km² em 2020 e 13.038 km² em 2021, o valor mais elevado desde 2006.

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Avaliação do Polígrafo:

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