“Fornecimento de armas da Ucrânia ao Hamas triplicou nos últimos anos” (versão traduzida). O título da alegada notícia do jornal norte-americano “The Washington Post” tornou-se viral nas redes sociais no início do passado mês de novembro, com a respetiva imagem impressa.
As publicações apontavam, assim, para a venda de armas do país europeu ao grupo político-militar palestiniano (classificado desde há alguns anos como organização terrorista). Ucrânia que, recorde-se, tem recebido diverso armamento (nomeadamente de diferentes Estados-membros da União Europeia) desde o primeiro trimestre de 2022, para poder resistir à invasão e ataques aéreos russos.

Uma dessas publicações, na rede X, referia, com base na alegada notícia:
“A maioria destas armas hoje vem da Ucrânia: NLAW, FGM-148 Javelin, FIM-92 Stinger e sistemas de foguetes, incluindo aqueles que o Hamas não possui. ‘Os armazéns subterrâneos estão sobrelotados’, escreve Moltisanti.”
O jornal “The Washington Post” publicou mesmo esta notícia?
A pesquisa aberta em motor de busca ou dirigida (no próprio site do jornal norte-americano que celebra 150 anos em 2027) não permite encontrar qualquer peça jornalística deste teor.
O nome do suposto jornalista que assina a peça, Chris Moltisanti, também não pertence aos quadros do “The Washington Post”. Curiosamente, este nome – conforme constatou a Reuters (que fez a verificação das publicações que divulgaram esta alegada notícia) – parece parodiar Christopher Moltisanti ,uma personagem da célebre série televisiva “Os Sopranos“, que retratava o universo da máfia italo-americana.
Finalmente, e dissipando quaisquer dúvidas, o próprio “The Washington Post” desmentiu ter publicado alguma notícia semelhante. Um porta-voz do jornal seu essa garantia à Reuters.
É assim forjada a alegada notícia divulgada nas redes sociais como tendo sido publicada pelo “The Washington Post”, com o intuito de associar a Ucrânia ao Hamas no tráfico de armas. Essa notícia não existe.
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