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O que está em causa?Enquanto a taxa de inflação continua a subir, multiplicam-se nas redes sociais as comparações de preços (e custo de vida em geral) entre Portugal e outros países, nomeadamente a Suíça onde supostamente "é tudo mais barato". Tem fundamento? O Polígrafo verifica os dados mais recentes.
"Aqui em conversa com amigos que vieram da Suíça e, desde habitação, tabaco e alimentação, é tudo mais barato lá", destaca-se numa publicação de 23 de julho no Facebook, com origem num grupo dedicado a "reformados e/ou aposentados".
Será mesmo "tudo mais barato lá", na Suíça, da habitação à alimentação? Respondendo a dúvidas endereçadas por leitores, o Polígrafo verifica os dados mais recentes.
Dados do Eurostat referentes à globalidade do ano de 2022 comprovam que, se olharmos para os preços da alimentação, bebidas (alcoólicas e não alcoólicas) e até do tabaco, apesar do peso crescente na carteira dos residentes em Portugal, o facto é que continua abaixo do registado na Suíça.
No âmbito desta análise, o Eurostat (serviço de estatística da União Europeia) recorre ao "Price Level Index" ("Índice do Nível de Preços") que permite comparar os custos de vários bens e serviços nos demais países europeus e face à média da União Europeia.
"Se o Índice do Nível de Preços de um país for superior a 100, o país em causa é relativamente caro em comparação com o país com o qual é comparado (por exemplo, a União Europeia), enquanto se o índice do nível de preços for inferior a 100, o país é relativamente barato em comparação com o outro país", explica o Eurostat, relativamente a este indicador que é calculado “dividindo as paridades de poder de compra (PPC) pela taxa de câmbio nominal atual".
Neste caso em concreto, o serviço de estatística optou por possibilitar uma comparação entre os países (em vários parâmetros) com o valor médio da União Europeia, fixado em 100.
Em Portugal, o índice fica sempre abaixo do referente à Suíça nos referidos parâmetros: Alimentação (101,2 versus 165,3 na Suíça); Bebidas Não Alcoólicas (129,0 versus 145,0); Bebidas Alcoólicas (115,1 versus 140,9) e Tabaco (89,0 versus 137,7).
Se atentarmos no indicador da despesa de consumo final das famílias, que engloba o "total das despesas em bens e serviços individuais das famílias residentes" em cada país, verificamos mais uma vez que Portugal está bastante abaixo da Suíça (89,9 versus 174,3, o valor mais alto entre os 27 Estados-membros da União Europeia em 2022).
Importa contudo ressalvar que estes dados são referentes a 2022 e a taxa de inflação continuou a aumentar ao longo de 2023, tendo registado uma subida de 3,7% em agosto, de acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
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Para circular em todas as auto-estradas da Suíça, durante todo o ano, basta um selo que custa 42 euros
"Em Portugal dá para quê? Para ir de Lisboa ao Algarve? Circular três horas? Porquê? Porque existem gulosos gestores e acionistas de Parcerias Público-Privadas (PPP)", compara-se em recente publicação no Facebook. Respondendo à solicitação de leitores, o Polígrafo verifica.
Quanto à habitação, os últimos dados do Eurostat são referentes a 2021. Nesse ano, os níveis de preço da habitação (incluindo custos de água, eletricidade, gás e outros combustíveis) eram mais baixos em Portugal (80,0) do que na Suíça (196,8). Por essa altura, as despesas nesta matéria em Portugal eram inferiores à média europeia (os tais 100 de referência).
Em suma, os dados do Eurostat (mais ou menos atualizados) demonstram que o custo associado a diversos bens e serviços, desde a alimentação à habitação - e até o "total das despesas" suportadas pelas "famílias residentes" na aquisição e contratualização dos mesmos -, era mais baixo em Portugal do que na Suíça.
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Avaliação do Polígrafo:
