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Deputados do PCP foram os únicos que não se levantaram nem aplaudiram presença de delegação ucraniana no Parlamento?

Política
O que está em causa?
Um grupo de deputados do Parlamento da Ucrânia esteve hoje presente nas galerias da Assembleia da República. No início da reunião plenária, após o discurso de abertura do Primeiro-Ministro Luís Montenegro, a delegação ucraniana foi saudada com uma salva de palmas de (quase) todos os deputados que se levantaram das cadeiras para a homenagem. Foi um raro momento de consenso entre os mais diversos partidos. Apenas o PCP ficou de fora, mudo, sentado.

“Hoje, no Parlamento, os nossos deputados levantaram-se num aplauso unânime pela presença da Embaixadora e de deputados da Ucrânia na Assembleia da República. Todos, exceto os comunistas do PCP”, destaca-se num tweet de 19 de março, exibindo um vídeo do momento do aplauso na transmissão em direto pela RTP.

Aconteceu realmente esta tarde, em reunião plenária no Parlamento, logo após a intervenção de abertura do Primeiro-Ministro no debate preparatório do Conselho Europeu. O deputado Rodrigo Saraiva, do Iniciativa Liberal, em substituição do Presidente da Assembleia da República, anunciou a presença nas galerias de um grupo de deputados do Parlamento da Ucrânia. Prontamente, todos os deputados se levantaram para aplaudir a delegação ucraniana. Exceto os quatro deputados do PCP que permaneceram mudos e sentados.

As imagens da transmissão em direto do debate na ARTV comprovam esse gesto de auto-isolamento do PCP.

A visita da delegação ucraniana realizou-se no âmbito do Grupo Parlamentar de Amizade (GPA) Portugal – Ucrânia, presidido por Eurico Brilhante Dias, deputado do PS, que estava nas galerias a acompanhar os deputados ucranianos (juntamente com a Embaixadora da Ucrânia em Portugal, Marуna Mykhailenko) e também fez questão de os saudar com aplausos no momento em causa.

Em declarações ao Polígrafo, Brilhante Dias indica que os deputados ucranianos “já estavam preparados” para a atitude do PCP (que não faz parte do referido GPA), pelo que não ficaram surpreendidos.

Desde logo porque no dia 28 de fevereiro, quando se assinalaram três anos desde a invasão da Ucrânia por forças militares da Rússia, os deputados do PCP tinham sido os únicos a votar contra uma declaração de “solidariedade para com o povo ucraniano”, aprovada por todas as restantes bancadas parlamentares.

Aliás, há mais exemplos. Em junho de 2024, quando todos os deputados saudaram a presença no Parlamento de um grupo de 11 militares ucranianos, feridos da guerra que estavam em Portugal para tratamento no Centro de Reabilitação Fénix em Ourém, os representantes do PCP permaneceram sentados e não aplaudiram, ignorando a homenagem.

Apesar destas sucessivas demonstrações do PCP perante representantes ucranianos, Brilhante Dias afasta a ideia de “incidente diplomático”, sublinhando que os deputados ucranianos consideram que “na Europa, o Parlamento português até é um dos que mais apoia a Ucrânia, em termos percentuais”.

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Avaliação do Polígrafo:

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