O vídeo foi gravado e difundido pelo próprio deputado Bruno Nunes, do Chega, mas entretanto está a ser partilhado em várias outras contas no TikTok e já saltou para outras redes sociais. “Hoje, em dia de visita ao distrito de Setúbal, enquanto deputado eleito pelo círculo eleitoral, tomei conhecimento de diversas situações que estão a acontecer em diversas esquadras da PSP e quartéis da GNR, no distrito”, começa por afirmar.
O deputado indica depois que essas situações se resumem ao seguinte: “Existe uma comunidade de paquistaneses, Bangladesh e Nepal que se apresentam nas esquadras da PSP e quartéis da GNR alegando que perderam os documentos, ou que os documentos legais foram roubados, como o passaporte.”
Posto isto, garante, “o que acontece é que as autoridades são obrigadas a dar-lhes um documento (…) que permite que esta gente esteja legal (…) no país durante seis meses”.
“Perceberam o esquema, perceberam a falha que existe na legislação e estão a fazer isto com uma acutilância enorme, porque todos os dias existem registos destes pedidos de extravio ou de documento que comprove o extravio dos documentos. Esta situação não pode continuar”, sublinha o representante do partido Chega.
Nunes alega que, munidos do documento provisório de substituição, “estas pessoas conseguem licença para trabalhar na Uber, para trabalhar na Bolt, estando supostamente legais, quando não existe forma de a própria PSP e GNR cruzar dados com o SEF – que o PS tanto se tem esforçado para destruir – e confirmar se as pessoas têm ou não têm visto de residência no nosso país”.
“O que estamos a assistir é claramente, com a anuência do Ministério da Administração Interna, a um apoio e auxílio à imigração ilegal“, acusa.
Tal acusação tem fundamento?
Em resposta ao Polígrafo, a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), sucessora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) que entretanto foi extinto, garante que “no que toca a documentos de residência emitidos pela AIMA, as alegações são falsas“.
Por sua vez, fonte oficial do Comando Distrital de Setúbal da Polícia de Segurança Pública (PSP) indica ao Polígrafo que “no último mês e meio foram registados cerca de 30 casos de extravio de documentos em todo o distrito de Setúbal”.
A mesma fonte assegura que “não se verifica um aumento do número de casos, está em linha com a média dos últimos meses ou anos”.
Mais, “as nacionalidades dos requerentes são muito variadas“. Ou seja, os cerca de 30 casos não se limitam a pessoas originárias do Paquistão, Bangladesh e Nepal.
Quanto à utilização que essas pessoas eventualmente façam do documento de substituição, ou a suposta “legalização” por “seis meses”, a PSP de Setúbal remete explicações para a AIMA que, como já referimos, garante que as alegações do deputado do Chega “são falsas“.
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Avaliação do Polígrafo: