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Deputado Bruno Vitorino classificou como “porcaria” uma palestra sobre “diferentes orientações sexuais” em escola do Barreiro?

Política
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
A denúncia surge na página "esQrever", dedicada às temáticas LGBTI. O deputado do PSD terá criticado a realização de uma palestra sobre igualdade de género numa escola do Barreiro, questionando: "'Sensibilizar' alunos de 11 anos sobre 'diferentes orientações sexuais'? Com associações LBGTI à mistura? Que porcaria é esta?" Verificamos se é mesmo verdade.

“O deputado Bruno Vitorino achou por bem criticar a existência de uma palestra numa escola do Barreiro que tratou as questões LGBTI. Na sua visão esta “sensibilização” (as aspas são do próprio) sobre ‘diferentes orientações sexuais’ (idem) é uma ‘porcaria‘ (estas são minhas). ‘Deixem as crianças em paz!‘, rematou do fundo do seu preconceito!”

Este é o primeiro parágrafo de um artigo publicado na página “esQrever”, focada nas temáticas LGBTI e de género, tal como nas suas componentes políticas, humanas e sociais. De acordo com o artigo em análise, o deputado do PSD terá publicado um texto na rede social Facebook com críticas dirigidas a uma palestra que se realizou numa escola do Barreiro. Vários leitores do Polígrafo solicitaram um fact-check relativamente a esta publicação, duvidando da sua veracidade.

Nesse âmbito de verificação de factos, importa começar por salientar que a palestra em causa realizou-se mesmo, a 7 de março de 2019, na Escola 2/3 Quinta da Lomba, Barreiro. Aliás, foi objeto de uma notícia da revista “Visão”, com o seguinte título: “Escola do Barreiro pediu dinheiro aos alunos que reverteu para associação LGBTI”. A notícia indica que “professores de Educação para a Cidadania pediram 0,50€ a 54 estudantes pela participação numa palestra, de âmbito curricular, que decorreu no auditório da Escola 2/3 Quinta da Lomba. A diretora do agrupamento de escolas de Santo André diz que a angariação de fundos serviu para ajudar a custear a deslocação dos oradores”.

No final da notícia aponta-se para o deputado Bruno Vitorino como a origem da denúncia pública sobre a palestra que terá gerado controvérsia nas redes sociais. “Arlete Cruz [diretora do agrupamento de escolas de Santo André] nota ainda que ‘o barulho que está a ser feito nas redes sociais‘ não tem tido origem nos pais dos alunos da escola, mas tem surgido de quem – e aponta o dedo ao deputado Bruno Vitorino (PSD), que denunciou a situação no Facebook – está a utilizar o episódio ‘para fazer ataques políticos’”.

De facto, no dia 8 de março, Bruno Vitorino publicou um texto na rede social Facebook em que critica a realização da palestra. O texto em causa é acompanhado por uma fotografia do “plano de sessão”, com os detalhes e objetivos da iniciativa.

O deputado começa por escrever, em maiúsculas, como quem grita: “VERGONHA GOVERNO SOCIALISTA; VERGONHA MINISTRO DA EDUCAÇÃO; VERGONHA ESCOLA DO BARREIRO”. E prossegue: “’Sensibilizar’ alunos de 11 anos sobre ‘diferentes orientações sexuais’? Com associações LBGTI à mistura? Que porcaria é esta? Cada um pode ser o que quiser, mas DEIXEM as CRIANÇAS ser CRIANÇAS. DEIXEM AS CRIANÇAS EM PAZ! Adultos a avançar sobre este campo junto de crianças é perverso. Isto tem que parar!

Em suma, é verdade que o deputado Bruno Vitorino, do PSD, classificou como “porcaria” uma palestra na referida escola do Barreiro que visou “promover a igualdade de géneros” e “sensibilizar os alunos para as diferentes orientações sexuais”. Mais, considerou ser “perverso” tratar destes temas “junto de crianças”.

Avaliação do Polígrafo:

 

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