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Debates Europeias. Tânger Corrêa: “Itália de Meloni é o país que mais apoio dá aos refugiados ucranianos”

União Europeia
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
No debate de ontem à noite na SIC, as posições dos diferentes partidos sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia geraram maior polémica e trocas de acusações. O candidato do Chega garantiu que o Chega é "pró-Ucrânia" - apesar de posições antagónicas no seu grupo político no Parlamento Europeu - e salientou que a Itália, com um "Governo conservador" liderado por Giorgia Meloni, terá sido o país que mais ajudou os refugiados ucranianos. Verdadeiro ou falso?

O candidato ao Parlamento Europeu pelo Chega, no debate de ontem na SIC, pode não ter voltado a difundir teorias como a de que os judeus foram avisados sobre os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos EUA, ou de que Slobodan Milosevic “não era má pessoa“, mas enalteceu a Itália que, tendo um “Governo conservador” liderado por Giorgia Meloni, “é o país que, neste momento, mais apoio dá aos refugiados ucranianos“.

Nesse sentido, António Tânger Corrêa assegurou que o Chega não é pró-Rússia, ainda que a sua família política europeia inclua “alguns partidos” com “essas ligações“.

Mas terá razão sobre Itália ser o país que “mais apoio dá aos refugiados ucranianos”?

É verdade que recentemente, no dia em que se cumpriram dois anos de guerra na Ucrânia, a Primeira-Ministra italiana assinou um acordo de segurança com a Ucrânia, garantindo a continuação do apoio ao direito de defesa dos ucranianos que pressupõe apoio militar.

Meloni afirmou que o acordo é similar a outros já assinados pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, com o Reino Unido, a Alemanha, a França ou a Dinamarca. E garantiu que a Itália continuará “a apoiar a Ucrânia” no seu direito a defender-se.

“Isto pressupõe necessariamente apoio militar, pelo que confundir a palavra paz, tão utilizada, com rendição, como alguns fazem, é uma abordagem hipócrita que nunca partilharemos”, sublinhou Meloni.

No entanto, em termos numéricos não se pode afirmar que este é o país que mais apoio deu aos refugiados ucranianos.

De acordo com dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), a Itália é o quarto país europeu que mais refugiados registou desde 24 de fevereiro de 2022 (170.580 refugiados) e o terceiro que mais pedidos de asilo recebeu de refugiados ucranianos (193.080 refugiados).

À frente de Itália destacam-se Espanha, Reino Unido e Alemanha. Portugal surge em 14.º lugar com 60.510 refugiados ucranianos registados desde o início da guerra.

Em termos financeiros, a Itália também não é dos que mais apoio forneceu. De acordo com o Kiel Institute for the World Economy – um instituto de pesquisa económica independente e sem fins lucrativos – a Alemanha e o Reino Unido são os mais generosos (a seguir aos Estados Unidos da América e às intituições europeias) em termos de donativos nos últimos dois anos. Neste âmbito, a Itália queda-se na 14.ª posição.

Em termos de ajuda humanitária e militar, o país governado por Meloni também está longe de ser o que “mais apoio” dá à Ucrânia, entre as 12.ª e 14.ª posições na lista dos financiadores deste tipo de apoios.

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UE

Este artigo foi desenvolvido pelo Polígrafo no âmbito do projeto “EUROPA”. O projeto foi cofinanciado pela União Europeia no âmbito do programa de subvenções do Parlamento Europeu no domínio da comunicação. O Parlamento Europeu não foi associado à sua preparação e não é de modo algum responsável pelos dados, informações ou pontos de vista expressos no contexto do projeto, nem está por eles vinculado, cabendo a responsabilidade dos mesmos, nos termos do direito aplicável, unicamente aos autores, às pessoas entrevistadas, aos editores ou aos difusores do programa. O Parlamento Europeu não pode, além disso, ser considerado responsável pelos prejuízos, diretos ou indiretos, que a realização do projeto possa causar.

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Avaliação do Polígrafo:

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