“O papel dos ecologistas, em relação à guerra, é pôr cravos nas espingardas. Não é defender a indústria do armamento”. Estas palavras foram proferida no debate de ontem à noite na SIC por João Oliveira, cabeça-de-lista da CDU às eleições europeias de 9 de junho. Uma crítica que lançou em direção a Pedro Fidalgo Marques, candidato do PAN, um partido que acusou de querer o “desenvolvimento da indústria de defesa” no bloco europeu.
Acusação que mereceu resposta imediata da parte do cabeça-de-lista do partido liderado por Inês Sousa Real, depois de Oliveira ter realçado que também existem “ecologistas” nos quadros da CDU. “É por isso que o Partido Comunista, sendo tão ecologista, votou contra a ratificação do Acordo de Paris, que é um dos pilares fundamentais da transição climática”, apontou Fidalgo Marques.
Esta alegação tem fundamento?
Não. Em causa está a Proposta de Resolução n.º 18/XIII/1.ª, objeto de votação global na Assembleia da Repúblia, a 30 de setembro de 2016, e que previa o seguinte: “Aprova o Acordo de Paris, no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, adotado em Paris, em 12 de dezembro de 2015.”
Era uma iniciativa apresentada pelo Governo, na altura liderado pelo PS, que contou com votos favoráveis de todos os partidos com representação parlamentar (PSD, PS, BE, CDS-PP, PEV e PAN), à exceção do PCP, que se absteve.
Aliás, o próprio Fidalgo Marques, após ser confrontado por Oliveira sobre esse facto posteriormente no debate, acabou por assumir o lapso.
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