Em debate que reuniu os cabeças de lista do Chega, PAN, Livre e Bloco de Esquerda às eleições europeias, ontem à noite na RTP3, a antiga dirigente dos bloquistas, Catarina Martins, destacou o compromisso do partido para com o combate às alterações climáticas. Até porque, segundo apontou, “se não houver transição, não há criação de riqueza”.
E elaborou o raciocínio: “Um estudo recente dizia que a cada grau que a temperatura média aumenta, 12% do PIB mundial se perde. Ou seja, se as contas destes cientistas estiverem certas, as emissões de CO2 [dióxido de carbono] da União Europeia significam que, por dia, a União Europeia está a perder nove mil milhões de euros por não fazer a transição climática.”
Confirmam-se os dados avançados por Catarina Martins?
O estudo citado pela bloquista foi divulgado, este mês, pelo National Bureau of Economic Research (NBER), dando conta de que os “danos macroeconómicos decorrentes das alterações climáticas são seis vezes maiores do que se pensava anteriormente”. Nesse documento, afirma-se, de facto, que “um aumento de 1°C na temperatura global conduz a um declínio de 12% no PIB mundial”. A mesma fonte indica ainda, por sua vez, ter concluído que o “custo social do carbono” ascende aos “1.056 dólares [978,14 euros ao câmbio atual] por tonelada de dióxido de carbono”.
Se tivermos em conta os mais recentes dados do Eurostat acerca das emissões de gases com efeito de estufa da economia da União Europeia, as mesmas estimavam-se, no quarto trimestre de 2023, “em 897 milhões de toneladas de equivalente de CO2”. Num trimestre que teve 92 dias, tal equivaleria a uma média diária de 9,75 milhões de toneladas.
Assim, com base no valor do “custo social do carbono” mencionado acima, contabiliza-se, de facto, um custo na ordem dos 9,5 mil milhões de euros por dia – precisamente como afirmou Catarina Martins.
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