No debate desta noite na RTP3, que juntou todos os partidos com assento parlamentar, Catarina Martins, cabeça de lista do Bloco de Esquerda ao Parlamento Europeu, apontou que quando chega à altura de ter lugares, “afinal já não há nenhuma barreira com os países anti-democráticos.
Às críticas à AD, cujas linhas vermelhas afirma não serem muito firmes, Catarina Martins aponta à Iniciativa Liberal apontanto que atualmente “há um Governo de extrema-direita na Holanda, um Governo que foi saudado pelo Kremlin, porque os liberais aceitaram integrar um Governo dirigido pela extrema-direita holandesa”.
A alegação tem fundamento?
Sim. Depois de seis meses de negociação, o Partido da Liberdade (PVV), de extrema-direita, conseguiu formar Governo após o partido do Primeiro-Ministro cessante Mark Rutte, o Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VVD), ter firmado o acordo de coligação a quatro pólos com o PVV de Geert Wilders, o Novo Contrato Social (NSC) de centro-direita e o populista Movimento Agricultor-Cidadão (BBB).
A integração dos liberais nesta coligação permitiu assim um Governo de extrema-direita nos Países Baixos, uma decisão criticada pelo grupo parlamentar europeu Renovar a Europa (Renew Europe).
Valérie Hayer, líder do Renovar a Europa, disse à televisão BFM desaprovar “totalmente esta decisão política a nível nacional” e apontou que o VVD se distanciou dos valores do grupo parlamentar dos centristas europeus.
Salientar ainda que a posição dos liberais dos Países Baixos mudou nos últimos meses. Em novembro, após a vitória da extrema-direita com 25% dos votos, o VVD rejeitou coligar-se com a extrema-direita, ainda que admitisse a hipótese de apoiar “propostas construtivas” de um eventual Governo minoritário liderado por Wilders.
E apesar de ser verdade que os liberais do VVD permitiram o Governo de extrema-direita nos Países Baixos há que salientar que existe outro partido liberal no Parlamento holandês, o D66, que conquistou nove lugares e que rejeitou (e até criticou) uma coligação com a extrema-direita.
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Nota Editorial: Após a publicação deste artigo foi adicionada, às 11h45, ao texto a indicação de que outro partido liberal, o D66, rejeitou coligar-se à extrema-direita, informação que não estava presente inicialmente por lapso. Tendo em conta que não foram os liberais num todo que deixaram avançar o Governo de extrema-direita, e apesar de o D66 ter conseguido apenas nove lugares face aos 24 conquistados pelo VVD, o Polígrafo optou por alterar a classificação do artigo de “Verdadeiro” para “Verdadeiro, mas”.
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