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Debates europeias. Catarina Martins: “Há um Governo de extrema-direita na Holanda porque os liberais aceitaram”

Política
O que está em causa?
A cabeça de lista do Bloco de Esquerda ao Parlamento Europeu lançou ontem à noite várias críticas ao "grande cinismo" da direita em relação à extrema-direita e lembrou que se temos atualmente um Governo de extrema-direita nos Países Baixos, a "culpa" é mesmo dos liberais. Verdade?
© António Cotrim/Lusa

No debate desta noite na RTP3, que juntou todos os partidos com assento parlamentar, Catarina Martins, cabeça de lista do Bloco de Esquerda ao Parlamento Europeu, apontou que quando chega à altura de ter lugares, “afinal já não há nenhuma barreira com os países anti-democráticos.

Às críticas à AD, cujas linhas vermelhas afirma não serem muito firmes, Catarina Martins aponta à Iniciativa Liberal apontanto que atualmente “há um Governo de extrema-direita na Holanda, um Governo que foi saudado pelo Kremlin, porque os liberais aceitaram integrar um Governo dirigido pela extrema-direita holandesa”.

A alegação tem fundamento?

Sim. Depois de seis meses de negociação, o Partido da Liberdade (PVV), de extrema-direita, conseguiu formar Governo após o partido do Primeiro-Ministro cessante Mark Rutte, o Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VVD), ter firmado o acordo de coligação a quatro pólos com o PVV de Geert Wilders, o Novo Contrato Social (NSC) de centro-direita e o populista Movimento Agricultor-Cidadão (BBB).

A integração dos liberais nesta coligação permitiu assim um Governo de extrema-direita nos Países Baixos, uma decisão criticada pelo grupo parlamentar europeu Renovar a Europa (Renew Europe).

Valérie Hayer, líder do Renovar a Europa, disse à televisão BFM desaprovar “totalmente esta decisão política a nível nacional” e apontou que o VVD se distanciou dos valores do grupo parlamentar dos centristas europeus.

Salientar ainda que a posição dos liberais dos Países Baixos mudou nos últimos meses. Em novembro, após a vitória da extrema-direita com 25% dos votos, o VVD rejeitou coligar-se com a extrema-direita, ainda que admitisse a hipótese de apoiar “propostas construtivas” de um eventual Governo minoritário liderado por Wilders.

E apesar de ser verdade que os liberais do VVD permitiram o Governo de extrema-direita nos Países Baixos há que salientar que existe outro partido liberal no Parlamento holandês, o D66, que conquistou nove lugares e que rejeitou (e até criticou) uma coligação com a extrema-direita.

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Nota Editorial: Após a publicação deste artigo foi adicionada, às 11h45, ao texto a indicação de que outro partido liberal, o D66, rejeitou coligar-se à extrema-direita, informação que não estava presente inicialmente por lapso. Tendo em conta que não foram os liberais num todo que deixaram avançar o Governo de extrema-direita, e apesar de o D66 ter conseguido apenas nove lugares face aos 24 conquistados pelo VVD, o Polígrafo optou por alterar a classificação do artigo de “Verdadeiro” para “Verdadeiro, mas”.

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UE

Este artigo foi desenvolvido pelo Polígrafo no âmbito do projeto “EUROPA”. O projeto foi cofinanciado pela União Europeia no âmbito do programa de subvenções do Parlamento Europeu no domínio da comunicação. O Parlamento Europeu não foi associado à sua preparação e não é de modo algum responsável pelos dados, informações ou pontos de vista expressos no contexto do projeto, nem está por eles vinculado, cabendo a responsabilidade dos mesmos, nos termos do direito aplicável, unicamente aos autores, às pessoas entrevistadas, aos editores ou aos difusores do programa. O Parlamento Europeu não pode, além disso, ser considerado responsável pelos prejuízos, diretos ou indiretos, que a realização do projeto possa causar.

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Avaliação do Polígrafo:

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