“A construção de uma Comunidade Europeia de Defesa é uma das coisas que nos distingue“, afirmou Rui Tavares, marcando uma diferença em relação ao Bloco de Esquerda no debate de hoje perante Mariana Mortágua, transmitido na SIC Notícias.
Tem razão?
Na realidade, o Bloco de Esquerda não se posiciona contra a ideia de construção de uma Comunidade Europeia de Defesa, proposta do Livre. O que ressalva é que a União Europeia já tem armas suficientes para se defender e já é uma potência militar.
“A Europa tem como se defender, porque exporta armas, é uma potência militar”, declarou Mortágua no dia 9 de abril, considerando que quem defende a produção de armamento como estratégia económica “está a dizer que o seu projeto futuro é a guerra”.
Em alternativa, o Bloco de Esquerda pugna por uma cooperação entre os Estados europeus e democráticos com fins de Defesa e a promoção de uma diplomacia para a paz e para o desarmamento multilateral, entre outras medidas.
Ora, Mortágua voltou a defender isso mesmo no debate com Tavares. É contra uma maior despesa em armamento, na medida em que receia que isso coloque em causa o sistema de proteção social. Mas não rejeita a ideia de um sistema de Defesa da União Europeia, ou simplesmente de cooperação a esse nível. E concorda com o prosseguimento do apoio à Ucrânia para se defender da agressão militar da Rússia.
Aliás, historicamente, o Bloco de Esquerda sempre defendeu uma autonomização estratégica da União Europeia em matérias de Defesa relativamente à Organização do Tratado do Atlântico Norte (ONU), dominada pelos Estados Unidos da América (EUA). Ou até a saída de Portugal da NATO.
Posição reforçada entretanto com a abrupta mudança estratégica dos EUA sob a liderança de Donald Trump.
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