“Portugal é um país corrupto. No Índice de Percepção de Corrupção baixou drasticamente. Nós aqui há uns anos ocupávamos o 20.º lugar a par com a Irlanda, hoje ocupamos a 43.ª posição a par com o Ruanda”, afirmou Joana Amaral Dias, candidata do ADN, no debate desta noite com 12 partidos sem representação parlamentar, transmitido na RTP.
A fonte mais credível para aferir sobre o grau de corrupção que caracteriza um país é o Índice de Percepção de Corrupção, um relatório divulgado anualmente pela organização Transparência Internacional.
De acordo com o mais recente (disponível aqui), de 2024, em 180 países e territórios analisados, Portugal situa-se na 43.ª posição com 57 pontos (a par de Botswana e Ruanda), numa tabela encimada pela Dinamarca (na 1.ª posição, correspondente ao país menos corrupto do mundo) com 90 pontos. Seguem-se a Finlândia (88 pontos), Singapura (84 pontos) e Nova Zelândia (83 pontos).
Na última posição da tabela está o Sudão do Sul que, numa escala que vai de zero (altamente corrupto) a 100 (nada corrupto), obtém apenas oito pontos. Somália (nove pontos), Venezuela (10 pontos) e Síria (12 pontos) também estão no fundo da tabela.
Ou seja, na tabela da Transparência Internacional, Portugal é o 57.º país com menores níveis de corrupção. Ou mais corretamente, níveis de percepção de corrupção. Num total de 180 países ou territórios.
Ainda assim regista-se uma queda acentuada face a 2023, quando Portugal se fixou na 34.ª posição com 61 pontos.
É a pior classificação de Portugal no Índice de Percepção de Corrupção desde 2012, quando o presente sistema de pontuação foi introduzido.
Entre 2012 e 2023, a pontuação de Portugal oscilou entre um mínimo de 61 e um máximo de 64 pontos, mantendo uma trajetória estável. Em 2024 baixou para 57 pontos, caindo nove posições na tabela.
Desde que o presente sistema de pontuação foi introduzido, o facto é que Portugal nunca se aproximou da 20.ª posição na tabela, nem das pontuações sempre muito superiores da Irlanda que oscilaram entre um mínimo de 69 e um máximo de 77 pontos (desde 2013 que a Irlanda permanece acima da fasquia de 70 pontos, nunca atingida por Portugal).
Consultando os dados anteriores, quando vigoram um sistema de pontuação distinto e o total de países analisados era muito menos, verifica-se que Portugal chegou a aproximar-se da Irlanda em 2002, quando se fixou na 25.ª posição (6,3 pontos), ao passo que a Irlanda estava na 23.ª posição (6,9 pontos). Mas num total de 102 países, quase metade dos atuais.
Recuando ainda mais no tempo, verifica-se que Portugal chegou a figurar na 19.ª posição (6,97 pontos) da tabela em 1997, ainda assim a grande distância da Irlanda (12.ª posição com 8,28 pontos), quando eram analisados somente 52 países, quase um quarto dos atuais.
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Avaliação do Polígrafo: