Naquele que foi o seu primeiro debate para as eleições legislativas de 2024, na CNN Portugal, Rui Tavares foi questionado sobre o pacote “Mais Habitação”, iniciativa do Governo de António Costa, tendo aproveitado a ocasião para considerar que “não é suficiente” e que “o PS acordou para o problema da habitação tarde demais e está a correr atrás do prejuízo”.
Uma crítica que estendeu ao Iniciativa Liberal, partido que assumiu o compromisso, no âmbito do seu programa eleitoral, de garantir “mais 250 mil casas até 2028, construídas ou em início de construção”, segundo declarações recentes de Rui Rocha. Isto porque, “há dois anos”, os representantes do partido “diziam 100 mil casas, e não 250 mil”, como agora defendem.
Confirma-se que, “há dois anos”, os liberais apontavam para um número mais baixo do que agora apresentam?
Questionado pelo Polígrafo, fonte oficial do partido remeteu, a título de “exemplo”, para declarações de Rui Rocha em setembro do ano passado – citadas pela agência Agência Lusa -, sustentando que esse foi um “número” muito ecoado pelos liberais “a certa altura”.
“Aquilo que vemos é que, num país onde era preciso, nesta altura, estar a construir 100 mil habitações por ano, temos 30 mil habitações porque o Governo de António Costa tirou toda a confiança do mercado”, afirmou, fundamentando as críticas que tinham vindo a ser feitas pelos liberais ao pacote “Mais Habitação”.
Por sua vez, o deputado liberal Carlos Guimarães Pinto, sobre o mesmo tema, explicou ao Polígrafo ser “bastante provável que tenha falado nas 100 mil casas que se construíram por ano no último pico de preços” do imobiliário, no início dos anos 2000, “em que se construíram sempre acima de 100 mil casas por ano”. E esclareceu o racional da proposta do partido para os próximos anos: “Já as 250 mil serão para quatro anos, ou seja cerca de 60 mil por ano.”
Não se tratou, portanto, de uma proposta concreta do Iniciativa Liberal, mas antes uma consideração sobre aquilo que os liberais julgavam ser necessário para combater a crise habitacional existente no país. Naquele momento em específico. Pelo que consideramos que a alegação de Tavares é descontextualizada.
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Avaliação do Polígrafo: