No último debate realizado a propósito das eleições legislativas agendadas para 10 de março, a crise política na Madeira, fruto das suspeitas de corrupção que pendem, nomeadamente, sobre o chefe do Executivo, Miguel Albuquerque, foi trazida à discussão.
Na sequência da mesma, o porta-voz e deputado único do Livre abordou outra situação que, na sua ótica, é igualmente digna de registo quando se fala de ingerência política. “Não é preciso caso em processo nenhum para saber que na Madeira, há décadas, há um excesso de familiaridade entre o poder político e o poder económico que já redundou numa asfixia do poder mediático, porque já não há imprensa da oposição da Madeira”, afirmou Rui Tavares.
Argumento esse que aproveitou para formular, imediatamente, uma crítica ao dirigente do Chega: “E nessa altura, não havia processo nenhum, e André Ventura convidou Miguel Albuquerque para ser principal pilar da sua campanha presidencial.”
Mas será que Rui Tavares tem razão quando faz esta acusação?
Sim. A 19 de agosto de 2020, uma notícia publicada pela Agência Lusa dava conta de que o “líder demissionário e recandidato do Chega” tinha feito um convite ao social-democrata Miguel Albuquerque para que ele o apoiasse “formalmente” e integrasse a sua candidatura à Presidência da República, no contexto das eleições agendadas para janeiro seguinte.
Em carta redigida por André Ventura, destinada a Miguel Albuquerque, lia-se: “Venho por este meio convidá-lo a ser um dos pilares da minha candidatura como Máximo Coordenador e Representante Político da mesma. Atentas as últimas sondagens, não há dúvida de que a leve esperança de uma não recondução de Marcelo Rebelo de Sousa só pode ser concretizada pela minha candidatura. É a esse esforço que o convido a juntar-se, por Portugal e pelo desenvolvimento efetivo da Região Autónoma da Madeira.”
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