No debate desta noite, na RTP, o líder do Chega afirmou: “Quando cai o Governo de António Costa, por uma questão de corrupção, o dr. Luís Montenegro diz que ‘não há outra hipótese’, que ‘as instituições estão degradadas’ e que ‘temos que ir a eleições’. Quando tocou ao seu partido – Miguel Albuquerque é seu mandatário de candidatura – o Luís Montenegro disse que ‘nada mudou’ e que ia ‘manter o apoio político’.”
Será que André Ventura foi fiel aos factos? Seguem as declarações do líder dos sociais-democratas em cada uma das alturas citadas:
7 de novembro de 2023, dia da demissão de António Costa
Último de todos os partidos a reagir à demissão do Primeiro-Ministro, o PSD, pela voz de Luís Montenegro, considerou ser urgente “que se devolva a palavra ao povo”, com eleições antecipadas que poderiam levar a uma “maioria absoluta” do seu partido.
“Nunca tivemos pressa, mas agora a degradação do Governo impõe que não se perca mais tempo e se devolva a palavra ao povo. A legitimidade do PS ruiu. O Governo caiu e caiu por dentro. Não podemos esperar mais tempo. Éa segunda vez em 22 anos que as mesmas pessoas, as mesmas políticas, trazem um pântano à democracia portuguesa”, afirmou o social-democrata.
24 de janeiro de 2024, sobre as buscas na Madeira que envolvem Miguel Albuquerque
“Neste momento, com a informação de que dispomos – e que é apenas aquela que a comunicação social tem dado –, não mudou nada do ponto de vista político”. Esta foi a frase que André Ventura citou esta noite no debate e que Montenegro proferiu a 24 de janeiro. Mas Montenegro não se ficou por aí: “A evolução do processo pode levar a mudanças”, ressalvou o líder do PSD na altura, que admitia que a informação de que dispunha era “limitada”.
“Ninguém esta acima da lei e não é por estas pessoas exercerem funções pelo PSD que é diferente. A informação que tenho é limitada, já sabemos que os processos terão a ver com contratação publica e envolvência de contratos realizados pelo Governo regional. Espero que o esclarecimento seja rápido e elucidativo para que haja funcionamento normal da Justiça”, completou Montenegro.
E mais: o social-democrata justificou o tratamento distinto: “As diferenças são mais do que muitas, mas não vou estar a deter-me nisso, eu sou da opinião que não foi um parágrafo que esteve na génese da demissão do Primeiro-Ministro.”
Já no pós-demissão, Montenegro admitia: “Eu tomaria a mesma decisão [de se demitir] que o dr. Miguel Albuquerque. Nunca tive dúvidas sobre o que devia ter sido feito.”
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Avaliação do Polígrafo: