No debate quinzenal com a participação do Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, esta tarde no Parlamento, o tema da suposta “coligação negativa” entre PS e Chega, que tem possibilitado o bloqueio de algumas medidas apresentadas pelo Governo, esteve em destaque. Mas também as mais recentes movimentações no que diz respeito aos nomes que deverão assumir os mais altos cargos das principais instituições da União Europeia – entre os quais se destaca o do português António Costa.
“Espanta-me, com toda a franqueza, que o senhor Primeiro-Ministro tenha o desplante de vir a esta casa falar de uma coligação, quando, há um ano, o senhor Primeiro-Ministro disse isto: ‘O maior comunista desde a Revolução de Abril.’ Sabem de quem é que estava a falar o então líder da oposição, Luís Montenegro? De António Costa”, afirmou o deputado André Ventura, do Chega, remetendo para notícias de jornais. E acrescentou: “O Primeiro-Ministro sabe quem foram os Primeiros-Ministros portugueses desde a Revolução de Abril, alguns deles de triste fama. Mas disse isto.”
Além disso, no período em que estava na oposição, Montenegro terá ainda classificado Costa como sendo “o maior fracasso na governação de um país”.
Perante estas supostas afirmações, Ventura desafiou o atual Primeiro-Ministro a dizer o seguinte: “Sim, há três meses achei que ele era o maior fracasso da História. Que era o maior desastre de Primeiro-Ministro. Que era um erro ser governante.” E concluiu o raciocínio: “Para Portugal era péssimo, para a Europa toda está ótimo. Senhor Primeiro-Ministro, isso não é hipocrisia: é o sistema a funcionar há 50 anos.”
Confirma-se que, no passado, Montenegro proferiu as duas considerações anteriormente citadas sobre Costa?
De facto, no decurso de um jantar realizado em Câmara de Lobos, parte do 1.º Encontro Interparlamentar do PSD na Madeira, a 9 de março de 2023, Montenegro teceu duras críticas ao programa “Mais Habitação”, pelo facto de apresentar propostas como o “arrendamento coercivo”, de acordo com uma nota de imprensa do PSD.
Foi nesse contexto que proferiu a seguinte afirmação: “Ou o Governo ouve os portugueses, os municípios e as regiões autónomas e muda essa pretensão, ou então o Governo vai ter de dizer que esta é a política do Governo. Se assim continuar, nós não nos vamos eximir em dizer que este é o Governo mais comunista que houve desde a Revolução de Abril.”
Essas declarações foram igualmente citadas pela Agência Lusa, dando conta de que Montenegro terá afirmado que o Governo de Costa seria o “mais comunista que houve em Portugal desde a Revolução de Abril” caso não alterasse as medidas do referido programa. “Se não for ligeireza, então eles [Governo] vão ter mesmo de dizer ao país que é convicção profunda, de que o mercado do arrendamento vai ser mais efetivo e dinâmico com o arrendamento coercivo“, apontou Montenegro.
E questionou ainda, sobre o tema: “Como é possível, numa área crucial da vida das pessoas, numa área que é iminentemente de intervenção municipal e regional, como é o caso da habitação, o Primeiro-Ministro se ter lembrado de apresentar uma estratégia nacional, um pacote de medidas, sem ter previamente ouvido sequer os municípios e as regiões autónomas?”
Ou seja, trata-se de uma afirmação proferida num determinado contexto, o qual não foi devidamente mencionado nesta intervenção do deputado do Chega, e aplicada a todo o Governo (e não apenas a Costa).
Quanto à segunda citação, confirma-se que Montenegro afirmou o seguinte, a 11 de dezembro de 2023, em reação a uma entrevista de António Costa à TVI/CNN Portugal: “Barafunda é desperdiçar a maior oportunidade que um Primeiro-Ministro pode ter: maioria absoluta no Parlamento, dinheiro que não falta, cooperação de todos os órgãos de soberania, a sociedade estabilizada do ponto de vista sócio-económico. Tudo para fazer uma boa governação e o resultado destes oito anos é um fracasso absoluto.” Palavras que não diferem muito das mencionadas por Ventura.
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Avaliação do Polígrafo: