Ontem de manhã, no terceiro dia de debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2025, a deputada do Iniciativa Liberal (IL) Patrícia Gilvaz afirmou que “a taxa de desistência de acesso ao ensino superior é a mais alta dos últimos oito anos”. A IL confirmou ao Polígrafo que a deputada se referia à “taxa de desistência no ensino superior” e não “desistência de acesso ao ensino superior”. Verifica-se?
De acordo com dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), de fevereiro de 2024, no ano letivo de 2021/2022 (o último sobre o qual há números), 11% dos estudantes inscritos pela primeira vez no 1.º ano de uma licenciatura no ano anterior não estavam nem inscritos no ensino superior nacional nem eram diplomados. Ou seja, tinham desistido do ensino superior.
Analisando os dados dos oito anos anteriores, verificamos que esta percentagem é a mais elevada, a par do ano letivo de 20/21. Em 14/15 e 15/16, um total de 10% dos estudantes desistiram do ensino superior. A percentagem baixou para os 9% entre os anos letivos de 16/17 e 19/20, antes de subir para os atuais 11% em 20/21.
O gráfico referente à desistência em mestrados integrados, permite constatar que ainda que a variação seja menor, a percentagem verificada em 21/22 continua a ser a mais elevada, 4% (tal como nos dois anos anteriores). Anteriormente, até ao ano letivo 14/15, a percentagem de abandono do ensino superior foi sempre de 3%.
Na mesma linha, uma notícia do jornal “Eco”, de junho de 2024, citando os dados mais recentes da plataforma Infocursos, desse mês, referentes ao ano letivo de 2022/2023, mostravam que a taxa de desistência em estudantes de licenciatura era de 11,10%, a mais alta dos últimos oito anos. No caso dos mestrados integrados, a notícia indica que houve uma descida de 0,4 pontos percentuais na taxa de desistência. Esta divergência com os dados do relatório da DGEEC dever-se-á, provavelmente, ao arredondamento às unidades feito no último relatório.
Assim sendo, é verdade que a taxa de desistência no ensino superior é a mais alta dos últimos oito anos no caso das licenciaturas. No caso dos mestrados integrados, houve uma ligeira descida na taxa de abandono no ano letivo de 22/23.
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Avaliação do Polígrafo: