O primeiro jornal português
de Fact-Checking

Covid-19: Supermercado português organizou festa com dezenas de pessoas?

Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn
Facebook
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
As discotecas estão encerradas, as festas proibidas e os ajuntamentos limitados a apenas cinco pessoas, por isso a solução é criar pistas de dança dentro de supermercados, espaços que, apesar da emergência sanitária, continuam a operar. A garantia é deixada por um utilizador do Facebook que dá como exemplo para esta teoria uma festa, documentada em vídeo, que terá acontecido recentemente dentro de um supermercado português, sem respeito por qualquer regra de saúde pública. Verdade ou falsidade?

As imagens, de um vídeo amador, mostram o interior de um supermercado, com dezenas de pessoas. Algumas são filmadas apenas a caminhar, às compras, mas a grande maioria encontra-se a dançar, sem máscara ou qualquer distância de segurança, ao som de música eletrónica.

O episódio foi dado a conhecer por um utilizador do Facebook que já viu a publicação ser partilhada mais de 4 mil vezes e que, através de uma legenda, contextualiza o vídeo, sugerindo que é recente e que aconteceu em Portugal: “Como não podemos ir para festas, nem efetuar ajuntamentos, arranjei uma solução legal… Vamos todos para o Pingo Doce, lá pode-se tudo”.

Esta publicação foi denunciada por vários utilizadores do Facebook como sendo falsa ou enganadora.

Confirma-se que um supermercado em Portugal organizou uma festa com dezenas de pessoas, numa fase crítica da pandemia de Covid-19, num claro desrespeito pelas normas ditadas por Governo e autoridades de saúde?

A resposta é não.

Em vários momentos da gravação é visível no interior do espaço o logótipo da marca Lidl, o que significa que não se trata de um supermercado Pingo Doce, ao contrário do que se alega na publicação.

Ainda assim, nos segundo iniciais do vídeo é possível detectar uma mulher que passa em frente à câmara, com um lenço a cobrir o nariz e a boca, como se fosse uma máscara social, facto que pode indiciar que a gravação é recente e aconteceu em contexto de pandemia.

Por isso mesmo, o Polígrafo contactou os supermercados Lidl que, numa nota enviada à nossa redação, contextualizaram as imagens: “O vídeo em questão não teve lugar em Portugal, nem em nenhuma loja Lidl nacional. O mesmo foi gravado em agosto de 2019, no Festival Pol and Rock na Polónia, numa loja Lidl pop-up criada especialmente para o festival”.

Fonte oficial da cadeia de supermercados detalha ainda que se tratou de “uma iniciativa espontânea dos clientes” e que o vídeo, na altura, foi “bastante partilhado” naquele país. Ora, uma pesquisa no YouTube confirma a versão do Lidl: diferentes utilizadores, no início de agosto de 2019, vários meses antes do surgimento da pandemia, carregaram vídeos que retratam o momento de festa no interior da superfície comercial.

Em conclusão, o vídeo que supostamente mostra uma festa com dezenas de pessoas dentro de um supermercado português, em plena pandemia, afinal foi captado na Polónia, em agosto de 2019, num supermercado dentro de um festival de música, naquele país da Europa central. A descrição do vídeo na publicação em causa é falsa.

__________________________________________

Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

Partilhe este artigo
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Relacionados

Com o objetivo de dar aos mais novos as ferramentas necessárias para desmontar a desinformação que prolifera nas redes sociais que mais consomem, o Polígrafo realizou uma palestra sobre o que é "o fact-checking" e deu a conhecer o trabalho de um "fact-checker". A ação para combater a desinformação pretendia empoderar estes alunos de 9.º ano para questionarem os conteúdos que consomem "online". ...
Após as eleições, o líder do Chega tem insistido todos os dias na exigência de um acordo de Governo com o PSD. O mesmo partido que - segundo disse Ventura antes das eleições - não propõe nada para combater a corrupção, é uma "espécie de prostituta política", nunca baixou o IRC, está repleto de "aldrabões" e "burlões" e "parece a ressurreição daqueles que já morreram". Ventura também disse que Montenegro é um "copião" e "não está bem para liderar a direita". Recuando mais no tempo, prometeu até que o Chega "não fará parte de nenhum Governo que não promova a prisão perpétua". ...

Fact checks mais recentes

Um vídeo partilhado viralmente nas redes sociais mostra Lula da Silva a afirmar que existem 735 milhões de pessoas que passam fome e garante-se que estava a referir-se exclusivamente ao Brasil. As imagens e declarações são autênticas, recolhidas a partir de uma recente entrevista do Presidente do Brasil ao canal SBT News. Mas referia-se mesmo ao Brasil que, na realidade, tem 3,4 vezes menos habitantes? ...
Horas depois de ter ajudado à morte antecipada da eleição de José Pedro Aguiar-Branco à presidência da Assembleia da República, o líder do CDS-PP nega agora ter sido um dos principais intervenientes. Nuno Melo garante ter falado em causa própria quando disse que "não havia acordo" com o Chega, mas não é isso que mostra a conversa que teve com a SIC Notícias durante a tarde de ontem. ...